Resenha - Dias de Abandono

quinta-feira, outubro 22, 2020

Dias de Abandono, de Elena Ferrante, foi publico pela primeira vez no Brasil em 2016, pela editora Biblioteca Azul. Esse curto romance, escrito por uma autora de identidade misteriosa, é um apanhado de emoções e fluxos de consciência extremamente pesados e envolventes.

Título: Dias de Abandono

Autora: Elena Ferrante

Ano: 2016

Nº de páginas: 184

Editora: Biblioteca Azul

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Depois de quinze anos de casamento, Olga é abandonada por Mario. Presa ao cotidiano estilhaçado com dois filhos, um cachorro e nenhum emprego, ela se recusa a assumir o papel de pobre mulher abandonada . Essa opção a projeta num turbilhão de obsessões, angústias e ímpetos violentos, capazes de afastar Olga do fato de que as derrotas precisam ser assumidas para que a vida possa enfim seguir adiante. Assinado pela enigmática autora cuja verdadeira identidade é mantida em segredo, Dias de abandono colocou Elena Ferrante definitivamente no panteão.

Antes de começar a falar da obra, é importante falar da escritora, segue abaixo o trecho da biografia de Elena Ferrante, retirado do livro:

Elena Ferrante é o pseudônimo de uma autora italiana, festejada no mundo inteiro como detentora de uma das mais belas prosas contemporâneas. Ferrante nunca mostrou o rosto, nem sequer deu pista de sua verdadeira identidade. Nas raríssimas entrevistas que concede, em sua maioria por e-mail, costuma dizer que já fez "tudo o que podia ter feito por seus livros escrevendo-os". Nesse mistério, entretanto, residem certezas muito límpidas: a força gigantesca de sua literatura, a recusa do artificialismo da linguagem, o mergulho na consciência profunda das personagens e a honestidade brutal.

Confesso que só fui descobrir essa informação depois de ter lido o livro, já que a biografia da autora estava na segunda orelha. Fiquei realmente ainda mais interessada nas obras dela e aposto que você vai ficar também!

Olga estava casada com Mario há 15 anos e os dois já tinham dois filhos quando ele a abadona por uma garota de 18 anos. Olga, obviamente, fica revoltadíssima com o desejo do marido de se divorciar e pelo fato de que ele a traía muito antes de pensar nisso. A história é narrada em primeira pessoa, ou seja, como leitor, a protagonista te monstrará tudo o que sente em relação aos eventos desse conflito.

Você irá ver a personagem sendo violenta e até achará que ela é louca em muito momentos, pois ela vai afundando cada vez mais em um inferno que só você e ela serão capazes de compreender. Depois de tentar ter relações sexuais com outro homem após a separação, ela sucumbe de vez e você quase terá certeza de que ela enlouqueceu. A partir desse acontecimento, na manhã seguinte, a personagem estará totalmente perdida nos seus pensamentos e em suas ações, você não sabe mais o que ela fez ou deixou de fazer: vai se formando um caos no cenário e na cabeça dela ao mesmo tempo. Preciso dizer que são capítulos e capítulos de pura angústia na narrativa, em que você irá ficar tão perdido como Olga. A sensação que eu tive, é que ela pegou em minha mão e me arrastou para o abismo em que ela se encontrava. Sim, esse livro é MUITO incrível.

A temática é extremamente pesada, as cenas não escondem NADA. Há também nas entrelinhas a questão da opressão feminina. Se você for mulher, irá se identificar com muitos dos sentimentos de injustiça de Olga, relacionados à maquiagem, beleza, idade, maternidade, obrigações, casamento, relacionamento, sexo... 

Recomendo demais a leitura desse livro, ele possui um fluxo de fatos que sobem como um gráfico e você saberá exatamente quando estiver enfrentando o ápice e a explosão da personagem. Já estou curiosíssima para ler mais Elena Ferrante e estou até agora muito mexida por essa obra.

E você, já leu algo da autora? Ouviu falar? Gosta de livros com essa temática? Comenta aí!

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