Resenha - Álbum de família

segunda-feira, janeiro 21, 2019


Álbum de Família é a principal peça do teatro desagradável de Nelson Rodrigues. Publicada em 1946, a peça foi censurada e não pode ir aos palcos por quase vinte anos. Depois da censura, a peça despertou os mais variados tipos de reação no público, que acharam a peça mórbida, nojenta e extremamente... desagradável.

Título: Álbum de Família
Autor: Nelson Rodrigues
Ano: 1946
Nº de páginas: 109
Editora: Lido em PDF.
Avaliação: ★★★★
Sinopse: Nelson Rodrigues desmistifica a imagem aparentemente normal de uma família. Enquanto um speaker (locutor) faz elogios à harmonia e à felicidade da família completamente falsos, seus componentes posam para retratos ("O speaker é uma espécie de Opinião Pública", orienta Nelson na abertura do primeiro ato), num espaço de tempo que vai de 1900 até 1924. A peça mostra as obsessões incestuosas que corroem seu interior e resultam em diversos atos de violência e perversão sexual. "Álbum de família, a tragédia que se seguiu a Vestido de noiva, inicia meu ciclo do ´teatro desagradável´. Quando escrevi a última linha, percebi uma outra verdade. As peças se dividem em interessantes e vitais", afirmou o dramaturgo. A peça foi fundamental, segundo o próprio Nelson para que ele se tornasse um "abominável autor". Depois de sua encenação, conta, "por toda parte, só encontrava ex-admiradores". A obra foi proibida durante vinte anos por "preconizar o incesto e incitar ao crime", segundo a censura da época.
Em Álbum de Família, temos uma família que aparenta ser tradicional, mas que possui a essência mais fétida e podre possível. Jonas é casado com Dona Senhorinha, mas deseja a filha Glória. Para saciar seu desejo pela própria filha, ele tem relações sexuais com meninas de 13 a 15 anos, trazidas por Dona Senhorinha e por Rute, sua cunhada. 

Dona Senhorinha é apaixonada pelos filhos homens: Edmundo, Guilherme e Nonô, mas acaba tendo relações sexuais somente com Nonô. Edmundo se casou para esquecer a paixão que tinha por D. Senhorinha (a própria mãe), mas acaba se matando quando descobre de sua relação com Nonô. Guilherme era seminarista, mas também desejava Glória, sua própria irmã. Quando percebe que não pode ficar com ela, ele se castra, mata ela e depois se mata. Glória está no internato no começo da peça, tendo relações com uma garota, mas sem conseguir evitar o amor que sente pelo próprio pai (Jonas), a quem ela compara à figura de Jesus Cristo. Por fim, temos Nonô, o filho louco do casal que vive pelado nas florestas, uivando e que se envolve com a própria mãe. Ao final, D. Senhorinha mata Jonas aos tiros por ele tentar estuprá-la em cima de um caixão.

Essa é a ação da peça, recheada de incesto, homicídio, mutilação, adultério, assassinato, estupro, sexualidade e... Religião. A família é extremamente religiosa, os próprios personagens tem nomes religiosos, mas com representações contrárias. 

A ideia de Nelson Rodrigues era justamente criticar a hipocrisia humana, o falso moralismo e a sujeira moral. Essa peça é um das peças do ciclo mítico de Nelson, no qual ele trata como instinto natural a tendência ao incesto, estupro, adultério, etc... 

De fato, a peça é desagradável. Quando você pensa que não tem como mais alguém estar envolvido na confusão, mas alguém surge. Causa estranheza, repulsa, dá vontade de largar o livro ou de continuar firme para ver a que ponto vai chegar. Recomendo a leitura se você procura algo totalmente diferente de tudo o que já se viu na literatura brasileira.

E você, já ouviu falar de Álbum de Família ou outras peças do Nelson? Comenta aí!





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