Resenha - Ensaio Sobre a Cegueira

quinta-feira, maio 13, 2021

 


Ensaio Sobre a Cegueira é um romance do autor português, José Saramago, publicado em 1995, e ganhador do prêmio Nobel da Literatura em 1998. A obra narra sobre uma cidade na qual todos os cidadãos foram ficando cegos, causando o caos por toda a parte.

Título: Ensaio Sobre a Cegueira

Autor: José Saramago

Ano: 1995

Nº de páginas: 312

Editora: Companhia das Letras

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Uma terrível "treva branca" vai deixando cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora, Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu. Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti. Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".


Sempre quis ler Ensaio Sobre a Cegueira e, sou muito grata por fazer parte do Clube de Livroterapia, porque o livro de Janeiro foi justamente esse. Eu já havia lido "Caim" do Saramago, mas sempre fui muito curiosa por Ensaio Sobre a Cegueira, principalmente por ter vencido o prêmio Nobel.

Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.

A história começa com um homem aleatório ficando cego, com a visão toda branca, no meio do trânsito. Um homem o ajuda a ir para casa e rouba-lhe o carro. A partir daí, o homem cego vai a um médico oftamologista e o médico alega que não há nada de errado com os olhos dele. Mais tarde naquele dia, o médico também fica cego e mais pessoas vão ficando cegas, até que a cegueira se torna em uma pandemia. 

Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.

O governo tenta reunir todos os cegos em prédios abandonados, em uma espécie de quarentena. Os cegos ficam presos em um lugar precário e logo vai ficando mais e mais cheio de pessoas atingidas pela cegueira. Entretanto, o que ninguém imaginava, era que a esposa do médico oftamologista, que também estava na quarentena, podia ver. Ela foi a única pessoa que não ficou cega e foi com o marido para ajudá-lo.

O Governo está perfeitamente consciente das suas responsabilidades e espera que aqueles a quem esta mensagem se dirige assumam também, como cumpridores cidadãos que devem de ser. as responsabilidades que lhes competem, pensando que o isolamento em que agora se encontram representará. acima de quaisquer outras considerações pessoais, um acto de solidariedade para com o resto da comunidade nacional.

Os cegos presos na quarentena ficam em uma situação deplorável. Além da lotação do local, eles começam a enfrentar problemas com o recebimento de comida do exército, abusos de outros grupos de cegos ladrões e, de acordo com a descrição, o lugar é totalmente sujo e fétido, uma vez que os cegos não encontram os banheiros e fazem suas necessidades nos corredores e em qualquer lugar. As cenas descritas na quarentena são extremamente pesadas e tristes, mas as esperanças começam a surgir quando finalmente a quarentena é liberada, já que toda a cidade já foi tomada pela cegueira e não há mais governo e nem nada que se possa fazer para conter a doença.

Todos temos os nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não chorássemos.

Nessa obra na qual os personagens não têm nome e o estilo de escrita não conta com travessões e é pontuada fora do padrão, José Saragamo nos traz uma lição fortíssima, mostrando como a mulher do médico se sentia horrível por ser a única a enxergar e ter que tomar conta de todos, o que ela "pagou" por poder ver como o mundo ficou. O enredo propõe o fato de que, em situações de sobrevivência, o ser humano se torna ainda mais cruel. O zoomorfismo também aparece várias vezes no livro enquanto eles estão na quarentena, quando alguns personagens caracterizam os outros como animais.

Os cegos relincharam, deram patadas no chão.

Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais.

Recomendo fortemente a leitura desse livro (que com certeza mereceu sua premiação). Envolvente, comovente e provocador, Ensaio Sobre a Cegueira não é sobre aqueles que não podem ver, é sobre aqueles que podem ver enquanto os outros não são capazes. É sobre aqueles que precisam lidar com a realidade sem uma venda e, acima de tudo, é sobre como a humanidade é capaz de ser tanto individualista como altruísta. 

E você, já leu Ensaio Sobre a Cegueira? Já leu algo do Saramago? Assistiu à adapção? Comenta aí!

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