Resenha - Toda Poesia

segunda-feira, maio 20, 2019


Toda Poesia é uma antologia dos poemas de um dos maiores autores da literatura paranaense: o famoso Paulo Leminski. A estranheza inicial, a adaptação, a quebra de preconceitos da forma e a admiração foram fases que passei durante a leitura.

Título: Toda Poesia
Autor: Paulo Leminski
Ano: 2013
Nº de páginas: 424
Editora: Companhia das Letras
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes onstruções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”. Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos.
Este volume percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano, mestre do verso lapidar e da astúcia. Livros hoje clássicos como Distraídos venceremos e La vie en close, além de raridades como Quarenta clics em Curitiba e versos já fora de catálogo estão agora novamente à disposição dos leitores, com inédito apuro editorial.
O haikai, a poesia concreta, o poema-piada oswaldiano, o slogan e a canção - nada parece ter escapado ao “samurai malandro”, que demonstra, com beleza e vigor, por que tem sido um dos poetas brasileiros mais lidos e celebrados das últimas décadas. Com apresentação da poeta (e sua companheira por duas décadas) Alice Ruiz S, posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e um apêndice que reúne textos de, entre outros, Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade.

Quando comecei a ler esse livro, ou seja, a ler Paulo Leminski pela primeira vez, a primeira coisa que senti foi a estranheza do poema concretista. No início, eu achava algo sem sentido, parecia que as palavras eram vomitadas e que os temas dos poemas eram aleatórios, sem fundamento e não planejados. Na metade da obra, eu aceitei que não havia gostado tanto de Leminski, mas aí eu cheguei na obra "O ex-estranho", que achei incrível!



A poesia pós-moderna é liberdade, e Leminski mostra isso em seus versos com musicalidade, proporcionando uma declamação deliciosa de se fazer! Ao final do livro, alguns autores falaram sobre Paulo e, eu concordo com Alice Ruiz, que o compara com um samurai. De fato, ao ler a poesia leminskiana, você se sente sendo cortado por uma catana: 1, 2, 3! Um corte na vertical direita, mais um na vertical esquerda e, por fim, horizontalmente no centro. Por mais incrível que pareça, esse movimento/técnica do autor pode ser sentido durante a leitura. É muito legal!

profissão de febre
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento
Sete e dez.
Aqui jaz o sol,
sombra a meus pés.
Trevas.
Que mais pode ler
um poeta que se preza?

A estranheza inicial passou e, quando terminei de ler, compreendi que há um grande trabalho por trás, como em qualquer poema. A rapidez da poesia contemporânea é notável e satisfatória para a nossa geração. Recomendo a arte do Leminski, esse grande nome da literatura Paranaense.

E você, já leu Paulo Leminski? Gostou? Gostaria de ler? Comenta aí!

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