Resenha - Seis passeios pelos bosques da ficção

segunda-feira, junho 24, 2019


Seis passeios pelos bosques da ficção é uma obra riquíssima de Umberto Eco, que tenta nos responder perguntas como: o que é o texto de ficção? Em que medida ele difere da verdade histórica? E o que ocorre quando o leitor mistura os papéis e considera como reais personagens fictícias ou vice-versa? O que é um leitor-modelo? Qual é a diferença entre um autor-modelo, autor empírico e narrador? Todas essas dúvidas são sanadas por meio de exemplos incríveis, mas que exigem um conhecimento literário intermediário.


Título: Seis passeios pelos bosques da ficção
Autor: Umberto Eco
Ano: 1994
Nº de páginas: 158
Editora: Companhia das Letras
Avaliação: ★★★★
Sinopse: O que é o texto de ficção? Em que medida ele difere da verdade histórica? E o que ocorre quando o leitor mistura os papéis e considera como reais personagens fictícias ou vice-versa? Estas e outras questões cruciais da arte narrativa são discutidas, de forma acessível e bem-humorada, por Umberto Eco, nestas seis conferências que realizou em 1993 na Universidade Harvard.
De Esopo a Ian Fleming, de Edgar Allan Poe e Nerval aos modernos experimentos de Georges Perec, passando ainda pela Paris de Alexandre Dumas, o noticiário da Guerra das Malvinas, os filmes pornográficos e seus próprios romances, Eco investiga os diversos aspectos da leitura, expandindo nossa percepção não apenas do mundo ficcional, mas também da própria realidade.
Seis passeios pelos bosques da ficção é um livro técnico sobre a narrativa e a história ficcional. Para compreender as referências mencionadas para compreender as referências mencionadas por Eco, é necessário ter um conhecimento intermediário em Literatura Universal, pois o autor utiliza histórias e personagens clássicos para dar exemplos e explicações e é preciso ter essas referências. Do contrário, é provável que você não entenda nada da leitura, recomendo não comprar o livro aleatoriamente!

Os seis passeios que o leitor dá, são os seis capítulos da obra:

1. Entrando no bosque
2. Os bosques de Loisy
3. Divagando pelo bosque
4. Bosques possíveis
5. O estranho caso da rue Servandoni
6. Protocolos finais

A metáfora "bosques" do título, refere-se à narrativa, que é como um passeio por um bosque. Tanto o autor quanto o leitor podem fazer escolhas de diferentes caminhos a percorrer. Cada passeio te leva a um lugar diferente, com paisagens diferentes, todo bosque (narrativa) proporciona uma viagem diferente, e cada leitor interpreta essa viagem de acordo com as suas vivências e experiências.

"Já que tento justificar todos os títulos que tolamente escolho para minhas obras, permitam-me justificar também o título de minhas conferências Norton. "Bosque" é uma metáfora para o texto narrativo, não só para o texto dos contos de fadas, mas para qualquer texto narrativo. Há bosques como Dublin, onde em lugar de Chapeuzinho Vermelho podemos encontrar Molly Bloom, e bosques como Casablanca, no qual podemos encontrar Ilsa Lund ou Rick Blaine. (...) um bosque é um jardim de caminhos que se bifurcam. Mesmo quando não existem num bosque trilhas bem definidas, todos podem traçar sua própria trilha, decidindo ir para a esquerda ou para a direita de determinada árvore e, a cada árvore que encontrar, optando por esta ou aquela direção. Num texto narrativo, o leitor é obrigado a optar o tempo todo. Na verdade, essa obrigação de optar existe até mesmo no nível da frase individual." (p. 12)

Li essa obra para a matéria de Crítica Literária, ou seja, foi uma das últimas obras que analisei no curso de Letras. Embora o texto pareça complexo, creio que o melhor caminho seja fazer realmente uma leitura e um estudo aprofundado, pois esse livro não foi escrito para ser lido apenas uma vez e por prazer. É uma leitura técnica. Se você busca saber mais sobre a magia por trás do texto ficcional e tudo o que o envolve, esses seis passeios são os melhores caminhos!

E você, já leu Seis passeios pelos bosques da ficção? Já ouviu falar de Umberto Eco? Comenta aí!

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