Resenha - A guerra não tem rosto de mulher

segunda-feira, março 26, 2018


A Guerra Não Tem Rosto de Mulher é um livro que compila histórias do ponto de vista das mulheres russas que lutaram pela União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, e que muita gente não sabe. Svetlana Alexijevich entrevistou essas mulheres e registrou os depoimentos de franco-atiradoras, lavadeiras, cozinheiras, enfermeiras, mães, filhas e esposas nessa obra fortíssima, que com certeza te deixará bastante tocado.

Título: A guerra não tem rosto de mulherAutora: Svetlana Aleksiévitch
Ano: 2016
Nº de páginas: 392
Editora: Companhia das Letras
Avaliação: ★★★★★ Sinopse: A história das guerras costuma ser contada sob o ponto de vista masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se, porém, de um equívoco e de uma injustiça. Se em muitos conflitos as mulheres ficaram na retaguarda, em outros estiveram na linha de frente.
É esse capítulo de bravura feminina que Svetlana Aleksiévitch reconstrói neste livro absolutamente apaixonante e forte. Quase um milhão de mulheres lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, mas a sua história nunca foi contada. Svetlana Alexiévitch deixa que as vozes dessas mulheres ressoem de forma angustiante e arrebatadora, em memórias que evocam frio, fome, violência sexual e a sombra onipresente da morte.

Li esse livro em janeiro, mas só agora estou escrevendo a resenha porque eu havia comentado que ele será tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso, e como vou estudá-lo muito ainda, achei que fazer uma resenha agora não seria útil, já que depois terei muito mais conhecimento acerca da obra. Enfim, decidi deixar essa ideia de lado e vir falar com vocês sobre A guerra não tem rosto de mulher (quem sabe faço outra resenha mais completa corfome os meus estudos), porque também estou estudando-o em um grupo de estudos do qual estou fazendo parte na faculdade, então iremos utilizá-lo como base para uma pesquisa de Literatura Comparada. 

Com isso, fazer um "fichamento" desse livro seria ideal. Decidi, então, resenhá-lo para ter os principais aspectos e a minha opinião sempre em mãos.


Svetlana Alexijevich é uma autora russa, e em 1985 ela publicou A guerra não tem rosto de mulher. Se pararmos para pensar, já fazem quase 38 anos desde que esse livro foi lançado e, tanto naquela época, quanto agora, muitas pessoas AINDA não tem a ciência de que muitas mulheres lutaram na guerra em várias áreas, elas não eram apenas enfermeiras e cozinheiras, elas também atiravam, pilotavam aviões, retiravam corpos do campo de batalha, comandavam tropas, eram supervisoras... Tudo o que se pode imaginar. 

Em A guerra não tem rosto de mulher, não temos um livro com foco exclusivamente histórico, o foco da autora, como ela mesma diz, é mostrar os sentimentos - o ser humano lidando com a guerra e como isso o afeta de inúmeras formas, sobretudo as mulheres, que têm uma visão diferente do homem em relação à guerra.


Desde pequenos, os meninos tinham em mente de que uma hora teriam de ir para o exército e, se necessário, iriam para alguma guerra. As meninas, pelo contrário, estavam fazendo tricô, aprendendo a cozinhar, costurando e... BUM! "Temos que ir para a guerra!". E elas foram. Não eram obrigadas, mas se voluntariaram para isso de bom grado, pois o país fazia propagandas fortíssimas, despertando e quase que exigindo um patriotismo em toda a população russa. Essa questão foi apenas um gatilho para as mulheres perceberem que se elas saíssem de casa e fossem para o front, elas finalmente poderiam viajar, conhecer outros países, mostrar força e poder.

A situação era terrível, as condições da guerra eram traumáticas. A fome, a dor, os ferimentos, a morte... Temos tudo isso no livro sobre a perspectiva das mulheres. Isso, somado ao fato de que elas estavam na guerra, mas ainda queriam ser mulheres, ser bonitas. Queriam usar brincos, botas e uniformes do tamanho delas. Elas menstruavam pela primeira vez nos campos de batalha. Os cabelos ficavam brancos, as adolescentes voltavam com personalidades de mulheres de 30 anos. A guerra fazia isso com elas, modificava a mente, as fazia adaptar a feminilidade, perder a infância e a noção do que elas seriam no futuro... Conseguiriam casar? Algum homem casaria com uma mulher que esteve na guerra? Conseguiriam ter filhos? Conseguiriam ser mulheres novamente na sociedade?


Eram mulheres, mas lutavam como homens, faziam tanto quanto os homens, e hoje em dia ninguém pensa nisso. No início do livro, inclusive, para essas mulheres russas, falar sobre isso na Rússia é um tabu, porque ninguém quer saber sobre mulheres lutando como homens, fazendo o papel do homem na guerra, salvando homens fora da enfermaria, vestidas como homens. Ninguém imagina mulheres fazendo isso, porque não é o que se espera hoje e não era o que se esperava das mulheres naquela época.

Muitos relatos são extremamente comoventes, impactantes, fortíssimos. Você lê e pensa o quão horrível é e que aquilo realmente aconteceu, isso causa um sentimento muito forte no leitor. Não espere que esse livro seja leve. Recomendo enormemente a leitura, tanto por mulheres quanto por homens. TODOS precisam conhecer esse lado da história que está sempre oculto nos livros de história. Por que pensamos em homens atirando quando pensamos em guerra? Por que não lembramos das mulheres que lutaram? As pessoas sabem que mulheres lutaram? Todos esses são questionamentos que precisam ser esclarecidos, ou nunca se dará valor aos exércitos femininos, ao sexo feminino e seu papel na guerra.

Essa obra surge com a proposta de nos fazer abrir os olhos. A autora, com seu estilo polifônico de tratar as vozes ouvidas nos depoimentos, fez um trabalho maravilhoso que torna a intensidade do sentimento e das histórias cada vez mais tocantes.

E você, já leu A guerra não tem rosto de mulher? Já ouviu falar? Comenta aí!

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2 comentários

  1. Olá!
    Nossa, que livro interessante! Fiquei mais interessada ainda na leitura, quando li que o foco do livro não é exclusivamente histórico. Realmente quando pensamos em guerra e tal, só se vem na mente homens atirando e em qualquer situação relacionada à guerra. Interessante essa leitura, e com certeza vou levar pra minha lista.
    Gostei do post e do seu espaço.
    Bjos

    www.momentosdeleitura.com

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    Respostas
    1. Olá! Sim, é interessantíssimo! Tanto a temática quanto o fato de serem depoimentos reais, essa obra tem um peso de importância imensurável! :) Merece estar na sua lista.

      Obrigada, baby! Beijos!

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