Resenha - Misto-quente

segunda-feira, abril 11, 2022

 Misto-quente, de Charles Bukowski, foi publicado pela primeira vez em 1982. Embora esse tenha sido seu quarto romance, a obra só foi publicada quando o autor já tinha cerca de 70 anos de idade. Esse romance de formação se tornou um dos meus favoritos.

Título: Misto-quente

Autor: Charles Bukowski

Ano: 2005

Nº de páginas: 320

Editora: L&PM

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994). Verdadeiro romance de formação com toques autobiográficos, Misto-quente (publicado originalmente em 1982) cativa o leitor pela sinceridade e aparente simplicidade com que a história é contada. Estão presentes a ânsia pela dignidade, a busca vã pela verdade e pela liberdade, trabalhadas de tal forma que fazem deste livro um dos melhores romances norte-americanos da segunda metade do século 20. Apesar de ser o quarto romance dos seis que o autor escreveu e de ter sido lançado quando ele já contava mais de sessenta anos, Misto-quente ilumina toda a obra de Bukowski. Pode-se dizer: quem não leu Misto-quente, não leu Bukowski.


Bukowski nasceu na Alemanha, porém se mudou para os Estados Unidos quando ainda era uma criança. Em Misto-quente, acompanhamos a vida de Henry Chinaski, um garoto que também nasceu na alemanha e mudou-se para os EUA, isso porque a obra é autobiográfica. 

Henry Chinaski vive durante a recessão de 29, o que significa que uma grande crise estava instalada no país e ele era vítima, não só da pobreza, mas também de seus pai autoritário, e de sua mãe que aceitava tudo o que o marido falava. Nesse reflexo da família tradicional da época, Henry sente ódio dos pais e, obviamente, apanha bastante. Fora de casa, na escola, ele também sofre e pratica bastante bullying.

Como a obra é um romance de formação, acompanhamos o crescimento de Henry. Na adolescência, ele se depara um trauma que destrói sua autoestima: um caso grave de espinhas. Passando por vários tratamentos, Henry consegue se recuperar um pouco, mas nunca mais se vê como alguém bonito e desejável. Como jovem, obviamente, garotas eram um tópico muito importante para ele e seus amigos. 

Com o que Henry sofria nas mãos do pai em casa, ele se torna um jovem violento e que desenvolve gosto pelo álcool. Bukowski, inclusive, era um autor alcoólatra. Misto-quente, acaba sendo uma biografia que trata dos temas de busca pela liberdade, crises existenciais e um abrir de olhos para a escatologia da vida.

Recomendo muito a obra para quem gosta desse tipo de literatura e que, assim como eu, adora um romance de formação que flui rapidamente, deixando reflexões pesadíssimas ao longo das páginas.

E você, já leu Misto-quente? Comenta aí!

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