Resenha - O Mez da Grippe

segunda-feira, julho 01, 2019


Mez da Grippe é uma novela escrita e publicada de forma independente pelo autor Valêncio Xavier. Com uma linguagem e uma montagem completamente diferente de tudo o que se tenha visto na literatura brasileira, acompanhamos um momento histórico de Curitiba e do mundo.


Título: O Mez da Grippe
Autor: Valêncio Xavier
Ano: 1981
Nº de páginas: 75
Editora: Fundação Cultural de Curitiba
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: -





O Mez da Grippe é um livro totalmente inovador e peculiar, seu enredo é composto por notícias de jornais, anúncios publicitários, poemas, depoimentos, informativos oficiais e relatórios sanitários de 1918, durante o surto da febre espanhola em Curitiba e o final da Primeira Guerra Mundial. A história se passa em outubro, novembro e dezembro, sendo que o mês da gripe, é novembro.

Esse romance histórico é único e renovou a literatura brasileira, embora eu nunca tenha visto outra obra igual. Na composição da obra, autor utiliza a técnica do ready-made, que consiste em pegar materiais já existentes (no caso as notícias, os anúncios, os informativos e os relatórios) para montar uma obra totalmente nova. Dessa forma, Valêncio Xavier construiu uma literatura hibridista, que mistura a linguagem verbal e não-verbal (lembrando as Vanguardas Europeias), o literário com o não-literário e os fatos históricos com o ficcional, compondo um hipertexto.

Esse hipertexto interage com o leitor de um modo gritante. Você, enquanto lê, precisa preencher as inúmeras lacunas e possibilidades de interpretações deixadas na narrativa. Inclusive, é importante saber o que é ficcional e o que não é. Aparentemente, tudo e não-ficcional, exceto pelos depoimentos de Dona Lúcia (que podem ou não ser totalmente ficcionais) e o poema que se fragmenta em meio às colagens da obra.

Dona Lúcia poderia ser considerada a narradora do enredo pessoal da obra, uma vez que é ela quem relata como foi naquela época e conduz a história dos dois alemães refugiados. O protagonista, pode ser considerado o homem de bigode que aparece três vezes ao longo da história e que é o eu-lírico do poema. Esse poema narra a história de um homem (o de bigode) que invade a casa de um casal de alemães refugiados e estupra a alemã que estava desolada pela febre espanhola. Tal ato violento deixa a alemã louca e acarreta no suicídio dela ao final da obra. 

Portanto, é possível notar a narrativa que se constrói em meio ao caos de notícias e anúncios reais que retratam o espaço e o pano de fundo histórico do enredo. É uma obra diferente de tudo o que se pode imaginar, causando confusão em uma primeira leitura, mas o reconhecimento da genialidade do autor em uma segunda experiência.

E você, já ouviu falar dessa obra? O que achou do estilo? Comenta aí!

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