Resenha - Ao Farol

quinta-feira, outubro 15, 2020


Ao Farol, de Virginia Woolf, foi publicado pela primeira vez em 1927. A obra marcou o modernismo literário britânico e narra, a partir do foco na família Ramsay, as visitas que eles faziam à ilha de Skye, na Escócia, entre 1910 e 1920. Essa foi a primeira obra da autora que eu li, será que a autora é tudo o que falam mesmo? Confira:

Título: Ao Farol
Autora: Virginia Woolf
Nº de páginas: 234
Ano: 1927
Editora: versão mobi
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Virginia Woolf passava as férias de verão, até os treze anos, na casa de praia da família em St. Ives, na Cornualha, numa baía de onde se avistava o farol da ilha de Godrevy. Esses verões à beira-mar ficaram para sempre na sua memória.

Ao Farol é a transposição artística da memória dos verões passados em St. Ives e da relação com os pais. Mas um romance, se bem concebido, nunca é um relato autobiográfico. Tal como no sonho freudiano, a artista procede por condensações, deslocamentos, deformações. Feita dos atos e eventos banais que constituem o material da vida cotidiana. Mas de revelações, de visões, de epifanias. A artista é uma vidente. Ela vê o que não vemos. E o ato artístico supremo consiste em transformar visões em palavras, em frases, em verbo.

Em Ao Farol, as visões, os sons, as cores da infância de Virginia se transformam em imagens literárias, em sonoridades verbais, em coloridos estilísticos. Ela exerce aí, com virtuosidade invulgar, o privilégio supremo da verdadeira artista. Com sorte, teremos, ao lê-lo, as nossas próprias visões, desfrutando, assim, ainda que modesta e brevemente, do precioso dom da vidência. Não se pode querer mais.

Ao Farol foi o primeiro romance de Virginia Woolf que eu li, e talvez eu não tenha escolhido a obra mais indicada para começar, mas mais ao final eu falarei sobre isso, vamos falar sobre a obra! O livro acompanha a família Ramsay, formada por: Sr. Ramsay, Sra. Ramsay e seus oito filhos. A família faz visitas à Ilha Skye, na Escócia, de 1910 a 1920, um período que tem a Primeira Guerra Mundial como pano de fundo.


A história é dividida em três partes: A janela, O tempo passa (10 anos depois do que acontece n'A Janela) e O farol.

Em A Janela, eles se hospedam na casa de uma família que voltaria (mas nunca volta) e querem visitar o Farol, mas nunca conseguem por algum motivo. Aqui eu ficava tentando entender porque nunca dava certo e fiquei ansiosa para saber como seria quando os personagens chegassem lá. O Narrador é onisciente e mostra o fluxo de pensamento dos personagens. A obra é considerada impressionista, pois os pensamentos dos personagens não são claros, são aleatórios e não se sabe quando é narração de acontecimento ou de pensamento. É aqui que o perigo mora para quem não está acostumada com o estilo inovador da autora (eu me incluo nessa, por mais que eu já tenha visto coisas parecidas em Clarice Lispector, mas ainda assim, ela consegue superar a Clarice nesse aspecto).

O livro mostra conflitos entre os personagens e como eles se sentem em relação a isso. É legal ressaltar que as mulheres são colocadas como personagens mais fracas, mas dá a entender que os homens não seriam nada sem elas naquele meio. Gostei muito dessas características no livro.

Se Shakespeare nunca houvesse existido — perguntou-se — seria hoje o mundo muito diferente do que é? Será que o progresso da civilização depende dos grandes homens? Seria o destino do ser humano médio melhor hoje do que no tempo dos Faraós? Contudo, continuou se indagando, será o destino do ser humano médio o critério para julgarmos a civilização? Possivelmente não. Possivelmente o bem-estar da humanidade exige a existência de uma classe de escravos. O ascensorista do metrô é uma necessidade eterna. Esse pensamento lhe foi desagradável. Sacudiu a cabeça. Para evitá-lo, acharia algum modo de se opor à superioridade das artes. Argumentaria que o mundo existe para o ser humano médio, que as artes são mera decoração imposta à vida humana e que não a expressam. Nem Shakespeare é necessário.

Além dos 10 membros da família, outra personagem que aparece e é importante, é a Lilly Briscoe, convidada da família e pintora. Ela pinta um quadro durante a primeira e a segunda parte do livro e está sempre em busca de captar um momento subjetivo daquele lugar. Outro aspecto, é que a narração bastante poética e simbólica. 

Como poderia um Senhor qualquer ter feito este mundo?, perguntou-se. Sua mente sempre se agarrara ao fato de que não há lógica, ordem ou justiça; apenas sofrimento, morte e pobreza. Não há traição suficientemente baixa que o mundo não cometa; sabia disso. Nenhuma felicidade durava; sabia disso.

Após assistir a algumas resenhas para entender melhor a obra depois de lê-la, pude perceber que Ao Farol é um romance sobre o olhar, em relação ao lugar, em relação aos outros, em relação ao eu interior das personagens. Os focos são diversos, ampliando e distanciando o tempo todo. Algumas tecnologias da época em relação à visão também são apontados, como a câmera, o cinema e a pintura impressionista. Ou seja, o farol é um olho que ilumina e a obra trata da visão, correlacionando-se com o farol. 

Mas o que é uma noite, afinal? Um curto intervalo de tempo, principalmente quando a escuridão se desvanece tão cedo, e tão rápido um galo canta, um pássaro chilreia, ou o verde desmaiado, se aviva no seio da onda, como uma folha na primavera. Mas uma noite se sucede à outra.

Há também retornos ao passado, porém a imagem do passado se sobrepõe à imagem do presente, por meio da imaginação dos personagens, algo extremamente confuso e que requer atenção máxima na hora da leitura. A autora também mostra a degradação da casa em que a família está e utiliza a casa como símbolo para demonstrar o passar do tempo. Relacionando a casa com a família durante guerra.

Agradava-lhe que os homens trabalhassem e suassem, à noite, na praia, expostos à borrasca, opondo seus músculos e seu raciocínio às ondas e ao vento; agradava-lhe que os homens trabalhassem assim e que as mulheres cuidassem da casa, sentadas ao lado das crianças que dormiam em seu interior, enquanto os homens morriam afogados lá fora, na tormenta.

Mais do que um olho, o farol representa um guia fixo, como se fosse um símbolo de segurança para que ninguém se perdesse. Na família, a Sra. Ramsay poderia ser considerada um farol e os outros personagens, como seres mais inconstantes, podem ser comparados com o mar e com ilhas isoladas.

Mas a beleza não é tudo. A beleza tinha essa desvantagem — vinha depressa demais, demasiadamente íntegra. Imobilizava a vida — paralisava-a. Esquecia-se das pequenas atribulações; o rubor e a palidez, qualquer estranha mudança, qualquer luz ou sombra que tornavam o rosto irreconhecível per um momento e contudo lhe acrescentavam uma qualidade que se passava a ver nele dali por diante. Era mais simples dissimular tudo isso sob a máscara da beleza.

Em resumo, achei a obra bastante confusa e só fui entender pós-leitura, haha. Virginia Woolf é definitivamente o tipo de autora que eu teria de estudar primeiro, para entender o estilo e as motivações dela com base em sua biografia, para que só aí, eu estivesse pronta para ler e compreender suas obras. Reconheço que algo muito engrandecedor e artístico está por trás dos romances dela, mas eu deveria ter começado por outro livro ou estudado antes de ler. Por isso, acabei achando a escrita confusa, entediante em algus momentos e até pesada. Se você está pensando em começar Virginia por essa obra, dê meia volta e escolha outra! Espero ter mais experiências com a autora para compreender seu dom artístico nas letras.


E você, já leu algo da autora? Leu esse livro? Gosta? Não gosta? Recomenda outro livro dela? Comenta aí!

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1 comentários

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