Resenha - Herdeiras do Mar

segunda-feira, agosto 22, 2022

 


Herdeiras do Mar, o primeiro romance de Mary Lynn Bracht, foi publicado em 2020 e se tornou um dos livros mais tocantes que eu já li. A obra retrata, por meio de uma personagem, a história vivida por muitas coreanas nas mãos dos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

Título: Herdeiras do Mar

Autora: Mary Lynn Bracht

Ano: 2020

Nº de páginas: 304

Editora: Lido no Kindle

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Quando Hana nasceu, a Coreia já estava sob ocupação japonesa, e por isso a garota sempre foi considerada uma cidadã de segunda classe, com direitos renegados. No entanto, nada diminui o orgulho que tem de sua origem. Assim como sua mãe, Hana é uma haenyeo, ou seja, uma mulher do mar, que trabalha por conta própria seguindo uma tradição secular. Na Ilha de Jeju, onde vivem, elas são as responsáveis pelo mergulho marinho — uma atividade tão perigosa quanto lucrativa, que garante o sustento de toda a comunidade. Como haenyeo, Hana tem independência e coragem, e não há ninguém no mundo que ela ame e proteja mais do que Emi, sua irmã sete anos mais nova. É justamente para salvar Emi de um destino cruel que Hana é capturada por um soldado japonês e enviada para a longínqua região da Manchúria. A Segunda Guerra Mundial estava em curso e, assim como outras centenas de milhares de adolescentes coreanas, Hana se torna uma "mulher de consolo": com apenas dezesseis anos, ela é submetida a uma condição desumana em bordéis militares. Apesar de sofrer as mais inimagináveis atrocidades, Hana é resiliente e não vai desistir do sonho de reencontrar sua amada família caso sobreviva aos horrores da guerra. Em Herdeiras do mar, Mary Lynn Bracht lança mão de uma narrativa tocante e inesquecível para jogar luz sobre um doloroso capítulo da Segunda Guerra Mundial ainda ignorado por muitos.


Herdeiras do Mar foi um livro totalmente novo para mim. Eu simplesmente não conhecia sobre a realidade das mulheres coreanas durante a Segunda Guerra Mundial. Desde que eu fiz meu TCC sobre A guerra não tem rosto de mulher, que conta como as mulheres russas participaram da Segunda Guerra no exército soviético, eu passei a me interessar muito por essas histórias "pouco contadas" e que "poucas pessoas conhecem", justamente por terem se passado com mulheres, sendo deixadas de lado na História.

Em Herdeiras do Mar, a narrativa acompanha Hana e sua irmã mais nova, Emi. Elas nasceram em uma família na ilha da Jeju, na Coreia do Sul. As mulheres dessa família eram especiais por pescarem em alto mar apenas mergulhando. Porém, com a Coreia tomada pelo exército japonês, Hana tenta proteger a irmã e é levada por um japonês. A partir daí, aprendemos sobre o quanto as coreanas raptadas (que eram muito jovens) sofreram nas mãos do exército japonês. 

Hana é levada para longe da sua família e, no caminho, vê e passa por atrocidades que destroem sua inocência e a beleza da vida. Por um bom tempo, ela fica em uma casa de mulheres, feita especialmente para que os soldados japoneses possam se "aliviar" do fardo da guerra. Com isso, Hana chegava a ser estuprada por vários homens no mesmo dia, mas certo dia, ela consegue fugir.

Intercalados com os capítulos que narram a vida de Hana no passado, estão os capítulos que narram a vida de Emi em 2011, quando ela está idosa e decide tentar encontrar sua irmã. 

A obra é bastante impactante e acredito que não seja para qualquer leitor, que vai entrar em contato com um lado da Guerra tão pior quanto as mortes. A mulher sendo usada como um objeto de alívio, sendo violentada diariamente, sofrendo perseguições, tentando imaginar o dia em que voltaria para a sua família quando, na verdade, sua família já havia sido morta. Recomendo o livro para quem está preparado e com lencinhos por perto, porque é comovente!

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