Resenha - Quarto de Despejo

segunda-feira, junho 21, 2021

 


Carolina Maria de Jesus, uma catadora de papel que vive em uma favela de São Paulo, nos conta, em formato de diário, seu cotidiano triste e cercado de miséria. Essa autobiografia é um dos livros mais tristes que eu já li.

Título: Quarto de Despejo - Diário de uma favelada

Autora: Carolina Maria de Jesus

Ano: 1960

Nº de páginas: 200

Editora: Lido no kindle

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos. Ao ler este relato-verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior- você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu sua atualidade.


Essa foi a leitura de junho do Clube de Livroterapia. O livro é um diário que conta relatos reais de Carolina Maria de Jesus, uma mulher que vive com os três filhos em um barraco, em uma favela de São Paulo. Desse modo, a autora nos conta como é a vida na favela, como é acordar todos os dias e ter que sair para arranjar o que comer, nem que seja para um refeição por dia. Ela narra como a favela é cheia de miséria, fome, pessoas alcoólatras, violência, bandidos, prostitutas e, como tudo isso é ignorado pelo governo dos anos 50.

"A pior coisa do mundo é a fome!"

"(...) o pobre não repousa. Não tem o privilégio de gosar do descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte."

Por conta disso, Carolina diz que a favela é como um quarto de despejo para essas pessoas de poder, nesse quarto você joga tudo o que está no caminho e precisa ser evitado e esquecido. Ela descreve como é acordar todos os dias, ter que sair para pegar água, para catar papel, catar ferro e vender para ganhar alguns míseros cruzeiros e usar para comprar o que der para comer. 

"Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: faz de conta que eu estou sonhando."

"Eu estou começando a perder o interesse pela existência. Começo a revoltar. E a minha revolta é justa."

A escrita é humilde e os revisores mantiveram boa parte do que foi escrito "errado", mas percebe-se como ler e escrever eram importantes e válvulas de escape para a autora.

"Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem."

Esse é um livro triste do começo ao fim. Você acompanha as dificuldades, vê como as pessoas passavam fome, trabalhavam duro e ainda assim, tinham dias em que eles não comiam. Essa obra foi essencial para que eu abrisse os olhos e valorizasse mais a vida que eu tenho e da qual reclamo tanto. Recomendo muito esse livro, acho uma leitura essencial para que vejamos a importância de realizar doações de alimentos e roupas quando vemos anúncios, bem como para valorizarmos mais o que temos. Pode ser um gatilho para muita gente, comentei da história com a minha mãe, que foi uma criança extremamente pobre, e ela chorou com alguns relatos da autora. Portanto, repense esse aspecto antes de ler. 

"Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristas."

"Eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Eu até acho cabelo de preto mais iducado do que o cabelo de branco."

"Parece que eu vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato a felicidade."

"Político quando candidato promete que dá aumento, e o povo vê que de fato, aumenta o sofrimento..."


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