Conheça a poesia erótica de Bocage

segunda-feira, fevereiro 13, 2017


Olá, pessoas interessantes! No post de hoje, eu gostaria de apresentar Bocage, um poeta erótico que conheci pela faculdade e que escreveu poemas de um modo que, se você não conhece, vão te chocar. Além de erótico, os poemas são ridiculamente engraçados, garanto que você vai se divertir! Confira:


Manuel Maria Barbosa du Bocage
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 – Lisboa, 21 de Dezembro de 1805) foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX. Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.









Agora que você já conhece mais sobre ele, que tal uma pequena amostra da poesia erótica dele?

Soneto do Pau Decifrado 
por Bocage

É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carualho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu. 


Soneto da Cagada 
por Bocage

Vai cagar o mestiço e não vai só;
Convida a algum, que esteja no Gará,
E com as longas calças na mão já
Pede ao cafre canudo e tambió:

Destapa o banco, atira o seu fuscó,
Depois que ao liso cu assento dá,
Diz ao outro: "Oh amigo, como está
A Rita? O que é feito da Nhonhó?"

"Vieste do Palmar? Foste a Pangin?
Não me darás notícias da Russu,
Que desde o outro dia inda a não vi?"

Assim prossegue, e farto já de gu,
O branco, e respeitável canarim
Deita fora o cachimbo, e lava o cu. 


Soneto do Prazer Maior
por Bocage

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.


Existe uma página no Wikisource dedicada somente às poesias eróticas dele, Clique aqui para visitar! Basta clicar nos links que estão na parte de "título apócrifo".

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2 comentários

  1. prezados
    Ao estudar a arte da poesia me deparei com essa sublime arte desse artista satírico e boçal em que suas poesias eróticas da vida e encanto em uma sociedade politicamente correta que estamos vivenciando em pleno seculo XXI.
    Que nos carceres da vida nos limita ao nosso mai sublime desejos eróticos e primitivos da vida humana.
    E suas poesias nos afora a soltar a imaginação na arte do prazer.

    att;
    josiel almeida

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