Resenha - O bom filho
quinta-feira, setembro 17, 2020
O Bom Filho, obra da autora coreana You-Jeong Jeong, foi publicado em 2019 no Brasil, pela TAG. Esse thriller conta sobre uma tragédia que aconteceu na família de Yu-jin, que acorda e encontra a mãe morta e tenta descobrir quem fez aquilo.
Título: O Bom Filho
Autora: You-Jeong Jeong
Ano: 2019
Nº de páginas: 288
Editora: TAG
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Certa manhã, Yu-Jin acorda com um estranho cheiro metálico e uma ligação do irmão. Descendo as escadas do duplex onde vive com a mãe na Coreia do Sul, ele a encontra morta sobre uma poça de sangue no chão. Mas Yu-Jin só tem vagas lembranças da noite anterior. Durante três dias, em uma busca incessante para desvendar o crime, ele acaba descobrindo segredos sobre si. Neste suspense psicológico, convidamos você a transitar entre memórias para conhecer a verdade por trás de uma família marcada pela violência
Depois de chegar tarde em casa, Yu-jin vai dormir e, quando acorda e se prepara para ter um ataque epilético, ele nota que não há nenhuma da usual movimentação em casa de manhã. Ele levanta e se depara com a mãe morta no meio da casa. Há também sangue no quarto dele e nele, mas ele não lembra de nada e pensa quem poderia ter feito aquilo. O thriller se passa nessa busca para "solucionar" o crime, mas sem que o personagem saia de casa ou de sua própria mente.
Com o uso de um alto teor psicológico e fluxos de pensamento, a autora nos leva a conhecer mais sobre a família do protagonista, como o pai e o irmão mais velho dele morreram e como seu irmão mais velho atual foi adotado por sua mãe. Também descobrimos, junto ao personagem que lê o diário de sua mãe, como se dava o tratamento para a doença que ele realmente tinha. A irmã de sua mãe, ou seja, sua tia, era a sua médica e orientava como a mãe dele deveria cuidar da doença.
O protagonista é muito bem construído e a história é narrada por ele. Nos aproximamos demais dele e temos acesso aos seus pensamentos e à sua perspectiva em relação aos acontecimentos da história. Esse foi o primeiro livro de uma autora coreana que eu li e achei sensacional. Achei a obra envolvente, de uma trama construída com maestria e um desfecho muito surpreendente. Recomendo muito a obra para quem quer ler algo de uma nacionalidade mais distante e de modo certeiro!
Eis alguns trechos que gostei bastante:
"Todos os seres vivos, desde o momento em que nascem, aprendem a sobreviver - e parte desse aprendizado é a capacidade de esperar. Há o tempo de comer, e há o tempo de aguardar que a fome se anuncie. Os seres humanos são os únicos animais que não aprendem a passar fome. Comem a qualquer hora, em qualquer lugar, e comem de tudo, e adoram falar sobre comida o tempo inteiro. Essa obsessão por comida não é muito diferente da pornografia de psicopatas. Dentre todas as criaturas da Terra, o ser humano é o mais impaciente com seus desejos." (p. 205)
"'Li que existem três maneiras de lidar com o medo da morte. A primeira é a repressão. Esquecer que a morte existe e agir como se nunca fosse chegar. A maioria de nós vive assim. A segunda é se lembrar da morte o tempo inteiro, e viver cada dia como se fosse o último. E a terceira é a aceitação. Uma pessoa que raramente aceita a morte não tem medo de nada. Fica em paz, mesmo quando está prestes a perder tudo. Sabe o que essas três opções têm em comum?'Fiz que não. Para mim, seria mais fácil morrer de uma vez do que ficar pensando nessas coisas esquisitas.'Todas são mentiras. São apenas máscaras para o medo.''Então, o que é verdade?''O medo, eu acho. O medo é o mais honesto de todos os sentimentos.'" (p. 247-248)
E você, já leu livros de autores coreanos? Gostaria de ler? Leria esse livro? Comenta aí!
0 comentários
"Comento, logo existo."