Resenha - 1984

segunda-feira, novembro 15, 2021

 


1984 é um romance distópico do autor britânico, George Orwell, publicado pela primeira vez em 1949. A obra se tornou bastante polêmica na época de sua publicação, justamente por conter sugestões políticas e fazer denúncias contra as divisões sociais da sociedade.

Título: 1984

Autor: George Orwell

Nº de páginas: 416

Ano: 2009

Editora: (lido no kindle)

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Publicada originalmente em 1949, a distopia futurista 1984 é um dos romances mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Lançada poucos meses antes da morte do autor, é uma obra magistral que ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre a essência nefasta de qualquer forma de poder totalitário. Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O'Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que “só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro”. Quando foi publicada em 1949, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro perigosamente próximo logo experimentaria um imenso sucesso de público. Seus principais ingredientes – um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais – atraíram leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução. À parte isso, a escrita translúcida de George Orwell, os personagens fortes, traçados a carvão por um vigoroso desenhista de personalidades, a trama seca e crua e o tom de sátira sombria garantiram a entrada precoce de 1984 no restrito panteão dos grandes clássicos modernos. Algumas das ideias centrais do livro dão muito o que pensar até hoje, como a contraditória Novafala imposta pelo Partido para renomear as coisas, as instituições e o próprio mundo, manipulando ao infinito a realidade. Afinal, quem não conhece hoje em dia “ministérios da defesa” dedicados a promover ataques bélicos a outros países, da mesma forma que, no livro de Orwell, o “Ministério do amor” é o local onde Winston será submetido às mais bárbaras torturas nas mãos de seu suposto amigo O'Brien. Muitos leram 1984 como uma crítica devastadora aos belicosos totalitarismos nazifascistas da Europa, de cujos terríveis crimes o mundo ainda tentava se recuperar quando o livro veio a lume. Nos Estados Unidos, foi visto como uma fantasia de horror quase cômico voltada contra o comunismo da hoje extinta União Soviética, então sob o comando de Stálin e seu Partido único e inquestionável. No entanto, superando todas as conjunturas históricas – e até mesmo a data futurista do título –, a obra magistral de George Orwell ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre os excessos delirantes, mas perfeitamente possíveis, de qualquer forma de poder incontestado, seja onde for.


O primeiro livro que li do autor foi "A Revolução dos Bichos" (resenha aqui) e, tanto nesse livro quanto em 1984, o autor critica o socialismo soviético, incentivando o capitalismo e a liberdade. 1984, em especial, inspirou vários reality shows que assistimos hoje nas TV's, justamente porque na obra, as pessoas são vigiadas e controladas 24h por dia pelo governo.

Com isso em mente, esse livro trata principalmente sobre o tema da liberdade, uma vez que os personagens precisam lutar por ela. Inclusive, quando começamos a leitura, já é possível perceber que não existe liberdade nenhuma, o protagonista, Winston, vive em Londres e trabalha para o ministério do governo, editando notícias antigas, para que o passado seja alterado e se encaixe com a realidade atual. O governo é chamado de "Partido" e a única verdade que importa é a verdade deles.

O mundo é governado pelo totalitarismo, e o maior governo é chamado de O Grande Irmão (sim, inspirou o nome do programa Big Brother), que vigia toda a sociedade e se alguém está burlando alguma regra. Obviamente, Winston acaba se rebelando, principalmente quando conhece uma garota e se apaixona por ela. O governo proibia qualquer relacionamento amoroso, mas Winston e sua namorada tornam-se revolucionários em nome do amor e da liberdade.

Como uma pessoa formada em Letras e que estudou linguística, acho interessante falar da Novafala, uma nova linguagem que estava sendo desenvolvida pelo governo e que queria ser mais objetiva. Por exemplo, quando chamavam os "proletários" de "proleta", entre outros inúmeros termos que aparecem no livro. A questão do relacionamento amoroso ser proibido me lembrou muito de Admirável Mundo Novo, no qual as pessoas podem se relacionar, mas a entidade da família se tornou um crime e tudo é feito artificialmente para gerar novos humanos. Em vários momentos, em 1984, os personagens mencionam a intenção do governo de fazer com que os bebês fosses retirados das mães ao nascer e fossem criados em grandes laboratórios. 

"O alerta de Orwell em 1984 sobre os perigos do totalitarismo causou forte impressão em seus contemporâneos e em seus leitores subsequentes. Tanto o título do livro como as palavras e expressões cunhadas pelo autor (“O Grande Irmão está de olho em você”, “Novafala”, “Duplipensamento”) tornaram-se termos correntes para os modernos abusos políticos."

Recomendo muito a leitura para quem já leu A Revolução dos Bichos e achou incrível (como eu haha). 1984 tem uma pegada mais lenta, mas ainda assim, o universo distópico criado é muito interessante e o fato de ter uma trama amorosa com sede de revolução, torna o enredo muito envolvente. Se puder, leia esse clássico!

Seguem vários trechos que peguei durante a leitura:

"Na realidade não haverá pensamento tal como o entendemos hoje. Ortodoxia significa não pensar — não ter necessidade de pensar. Ortodoxia é inconsciência.”

"Se é que há esperança, escreveu Winston, a esperança está nos proletas."

“Proletas e animais são livres”.

"Pensou que as únicas características indiscutíveis da vida moderna não eram sua crueldade e falta de segurança, mas simplesmente sua precariedade, sua indignidade, sua indiferença. A vida — era só olhar em torno para constatar — não tinha nada a ver com as mentiras que manavam das teletelas, tampouco com os ideais que o Partido tentava atingir."

"Houvera um tempo em que se considerava sinal de loucura acreditar que a Terra girava em torno do Sol. Hoje, o sinal de loucura era acreditar que o passado era inalterável. Ele podia ser o único a acreditar naquilo e, se fosse o único, seria um doente mental. Mas a ideia de que talvez fosse um doente mental não chegava a perturbá-lo muito: o horror estava em também existir a possibilidade de que estivesse errado."

"Aqui em Londres, parece que a maioria das pessoas nascia e morria sem ter como se alimentar direito. Metade não tinha nem botinas para calçar. Trabalhavam doze horas por dia, paravam de estudar aos nove anos e dormiam dez em um quarto. Também dizem que havia um número extremamente pequeno de indivíduos, um número que não ultrapassava a casa dos milhares — chamavam-se capitalistas —, que eram ricos e poderosos. Possuíam tudo o que podia ser possuído. Moravam em casarões suntuosos, tinham trinta empregados, circulavam pelas ruas em automóveis e carruagens puxadas por duas parelhas de cavalos, bebiam champanhe, usavam cartola…”

"Podiam arrancar de você até o último detalhe de tudo que você já tivesse feito, dito ou pensado; mas aquilo que estava no fundo de seu coração, misterioso"

"aqueles que estão mais informados sobre o que ocorre são também os que estão mais longe de ver o mundo como ele é. Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental."

"Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se a revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."

"A burrice era tão necessária quanto a inteligência, e igualmente difícil de ser adquirida."

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