Resenha - Elas em legítima defesa

segunda-feira, novembro 14, 2022

 


Elas em legítima defesa, é uma pesquisa de quatro anos, que entrevistou mulheres que tiveram que matar seus maridos em legítima defesa. 

Título: Elas em legítima defesa

Autor: Sara Stopazzolli

Ano: 2020

Nº de páginas: 224

Editora: Darkside

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Feminicídio, uma triste realidade. Vítimas de violência doméstica rompem o padrão de silêncio na nossa sociedade em um livro urgente e chocante. Só em 2017, 4.936 mulheres foram mortas no Brasil, o maior número registrado desde 2007. Foram cerca de treze assassinatos de mulheres por dia, segundo o Atlas da Violência publicado em 2019. E 88% das vítimas de feminicídio são mortas pelos companheiros ou ex-companheiros. Resultado de uma pesquisa que durou mais de quatro anos, Elas em Legítima Defesa: Elas sobreviveram para contar é uma jornada de empatia e compreensão que dá voz às mulheres vítimas de violência obrigadas a matar seus companheiros em legítima defesa. O livro acompanha as histórias reais de Nice, Soraia, Deise, Doralice, Emília e Úrsula, mulheres envolvidas em relacionamentos abusivos e capturadas no horror da violência doméstica — situações dramáticas que atingem milhões de mulheres no Brasil todos os dias. A obra apresenta histórias inéditas, novos dados, ilustrações da artista Juliana Russo, frames do documentário, além de estatísticas recentes e o aprofundamento de um tema — infelizmente — mais atual do que nunca. Em 2019, uma pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Datafolha, relatou que no ano anterior 536 mulheres foram vítimas de agressão física por hora no Brasil. São 4,7 milhões de mulheres condenadas à violência doméstica, que proporciona memórias atrozes, origem de muito traumas, que, por sua vez, se convertem em silêncio. Elas Legítima Defesa: Elas sobreviveram para contar rompe esse padrão de silêncio na nossa sociedade e resgata a voz e a dignidade de mulheres que vivenciaram o verdadeiro horror — sobreviveram para contar.


Sara é uma jornalista que roterizou e produziu o documentário "Elas em legítima defesa". O livro com as entrevistas foi publicado pela Darkside. Na obra, podemos ler a história de várias mulheres que mataram seus maridos em legítima defesa, após sofrer todo tipo de violência, de receberem ameaças de morte, de serem obrigadas a ver os filhos sofrendo violência, etc...


Em meio às entrevistas, a autora traz dados de feminicídio no Brasil e, obviamente, são número alarmantes. Por meio das entrevistas, é possível perceber que muitas mulheres, primeiramente, não conseguem denunciar seus maridos por medo, por receberem ameaças. Depois, as que denunciaram, nunca receberam a ajuda devida. Após matarem seus maridos, algumas foram absolvidas, mas muitas foram presas injustamente.

O livro faz uma crítica à falta de igualdade de gênero, pois ainda hoje, as mulheres são vistas como seres inferiores que podem apanhar, que são mais fracas, que precisam ser submissas e aceitar comportamentos doentios de homens, só porque eles as sustentam e têm filhos com elas. Inclusive, muitos usam os filhos como objetos de ameaça, como se esses filhos não fossem deles também. Além disso, uma vez que a sociedade vê a mulher diferente, a justiça também falha muito em protegê-la.

Achei a leitura muito interessante e recomendo para todos que não tenham gatilhos com esse tipo de narrativas reais sobre violência doméstica. Algumas frases do livro:

"Tem homem que faz toda uma técnica pra ninguém ver. Meu marido botava a toalha na mão pra poder bater sem ficar marca"

"Se eu deixava ele, piorava a situação. Ele ia atrás de mim e me agredia"

"Daqui você só sai morta. E se você fugir, caço algum dos seus parentes, mato algum dos seus parentes, até pegar você"

"E ele ia fazer isso como todos os policiais fazem. Mata a mulher, mata os filhos e depois se mata"

Você também poderá gostar de

0 comentários

"Comento, logo existo."