Resenha - O jogo da amarelinha

segunda-feira, novembro 07, 2022

 

Publicado pela primeira vez em 1963, O jogo da amarelinha, do autor argentino Julio Cortázar, é um romance que busca quebrar padrões, ou seja, é um dos livros mais complicados que já li.

Título: O jogo da amarelinha

Autor: Julio Cortázar

Ano: 1999

Nº de páginas: 640

Editora: Lido no Kindle

Avaliação: 

Sinopse: Em 1963, um romance de Julio Cortázar se junta à série de grandes obras publicadas por escritores latino-americanos. Um livro difícil, que apresenta uma série de técnicas inovadoras e se inscreve dentro do espírito da vanguarda. Vinte anos depois, O Jogo da Amarelinha é consagrado um clássico, uma das obras mais importantes da literatura de língua espanhola ao lado de Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Márquez. O jogo da Amarelinha é um labirinto literário no qual Cortázar discute os questionamentos do homem diante de seu destino, conflitos, dúvidas e paixões. Dividido em três partes, pode ser lido de diversas formas. Cada leitor cria o seu próprio livro e ritmo.


Logo no início da obra, o autor já deixa claro que o objetivo dele, é quebrar todos os estereótipos dos romances românticos. Portanto, as histórias de amor em O jogo da amarelinha serão conturbadas e, além da parte do enredo propriamente dito, a estrutura do livro, de fato, quebra totalmente qualquer estereótipo. Por isso, o autor sugere dois tipos diferentes de leitura. Eu acabei não seguindo e li os capítulos na ordem em que estavam no livro.

A obra parece um recorte de várias coisas, mas gira em torno do personagem Horácio Oliveira, que é argentino, mas vai passar um tempo em Paris. Acaba conhecendo Maga, mas ela não se encaixa no perfil intelectual dele e de seus amigos. As conversas dos personagens rendem muitos trechos incríveis, eu quase destaquei o livro inteiro. 

De volta para a Argentina, Horácio vive aventuras com seu amigo Traveler, e a esposa dele, Talita. Nesses capítulos, a presença da amarelinha é gritante e ela praticamente se torna um personagem da história. Horácio encontra a Maga em outra mulher, mas nunca a esquece. Mais uma vez, as reflexões são inúmeras e todas são um prato cheio para mim, que adoro ler esse tipo de coisa que puxa mais para o lado filosófico.

Enfim, recomendo a obra, mas é preciso paciência, pois a estrutura pode ser confusa para muitos leitores (acaba sendo caso de amor e ódio). Seguem somente alguns dos trechos que destaquei:

"Essa luz é tão você, algo que vem e vai, que se todo o tempo."

"A vida tinha sido isso, trens que partiam, levando e trazendo pessoas, enquanto a gente fica na esquina com os pés molhados."

"É preciso lutar contra isso. É preciso reinstalar-se no presente."

"Sem se possuir a si mesmo, jamais poderia possuir a outridade. E, afinal, quem é que se possuía de verdade?"

"A vida se vive por si mesma, queiramos ou não."

"No fundo, já sabia que não se pode ir mais além, porque não existe."

"E eu sou isto: um saco com comida dentro."

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