Resenha - Pequena Coreografia do Adeus

segunda-feira, dezembro 20, 2021

 


Pequena Coreografia, segundo livro publicado de Aline Bei, autora nacional, foi lançado esse ano (2021) e retrata, em um drama doméstico, como a família, o amor e o abandono ditaram os caminhos de Júlia, uma garota que precisou lidar com o divórcio dos pais. 

Título: Pequena Coreografia do Adeus

Autora: Aline Bei

Ano: 2021

Nº de páginas: 282

Editora: Lido no Kindle.

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Em seu segundo livro, Aline Bei — vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura com O peso do pássaro morto — constrói um retrato tão sensível quanto brutal sobre família, amor e abandono. Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis. Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena coreografia do adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.


Após a indescritível experiência que tive com O pássaro morto (resenha aqui), primeiro livro da autora nacional Aline Bei, tive a oportunidade de ler seu segundo livro para o @clubedelivroterapia.

Pequena Coreografia do Adeus conta a história de Júlia, uma personagem abandonada, mas que consegue encontrar a si mesma ao final do livro. Com a mesma narrativa poética e praticamente em versos de O pássaro morto, a autora nos traz a história de mais uma mulher que precisa lidar com os traumas familiares.

Júlia, quando criança, viu-se diante da separação dos pais e apanhava muito da mãe, o que a fazia ver a mãe como vilã e o pai como seu salvador. Toda a questão psicológica é retratada de forma direta entre a narração de Júlia e o leitor, e indireta quando ela fala do comportamento da mãe em relação à separação, mostrando como o fato afeta cada um, mas tudo é visto somente da perspectiva da criança.

Por conta da separação e da violência da mãe, Júlia cresce sentindo que não tinha ninguém, uma vez que não se sentia amada. Ela queria muito ter uma relação boa com sua mãe e invejava as crianças que tinham isso. Com esse sentimento de negação e abandono, Júlia cresce sem muitas expectativas e sonhos para o seu futuro. Quando adulta, sai da casa da mãe e vai morar em uma pensão perto do café onde trabalha. A partir daí, ela começa a se encontrar e a se sentir menos abandonada.

A obra é extremamente tocando e exalta quão importante é dar suporte para uma criança que vê a separação dos pais e o relacionamento dos dois declinando. Um divórcio pode mudar tudo na vida dos filhos do casal e traumatizá-los para o resto da vida, ditando caminhos conturbados no futuro. Achei a crítica e a abordagem da autora incríveis e espero poder ler mais da arte dela em breve. Recomendo a obra para quem se interessa por entrar em contato direto com os sentimentos mais profundos de um personagem, mas alerto que a temática pode ser gatilho para alguns.


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