Resenha - Algo sinistro vem por aí

terça-feira, outubro 12, 2021

 


Famoso pela publicação da distopia Fahrenheit 451, Ray Bradbury, publicou em 1962, Algo sinistro vem por aí, um clássico do terror e da ficção científica e fantástica. Nessa obra, somos apresentados à laços de amizade e paternidade muito fortes, bem como à chegada de um parque de diversões itinerante com vários personagens macabros.

Título: Algo sinistro vem por aí

Autor: Ray Bradbudy

Ano: 2016

Nº de páginas: 266

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Relançamento do clássico de um dos mestres da ficção científica e do horror. Um parque de diversões itinerante chega a uma pacata cidade do meio-oeste dos Estados Unidos. No entanto, sob tendas e luzes coloridas esconde-se algo ameaçador: um paraíso infernal. Envoltos pelas intrigantes atrações, os espectadores passam por transformações assustadoras que poderão mudar suas vidas de maneira diabólica. Ávidos por aventura, os amigos de infância Jim Nightshade e William Halloway mergulham nesse curioso circo de horrores para descobrir o que há por trás das atrações. Após se depararem com uma caravana do mal, a dupla tem de desvendar o pesado custo dos desejos... e a fábrica dos seus piores pesadelos.


Algo sinistro vem por aí foi o primeiro livro que li de Bradbury. Confesso no começo, ao me deparar com o estilo da escrita do autor, li boas páginas sem entender nada da história, somente que era sobre dois melhores amigos chamados Jim e Will. Depois de me acostumar, as coisas foram fluindo melhor. Apesar de parecer simples, a escrita é meio poética e mistura falas com pensamentos e até diálogos por meio de olhares trocados entre Jim e Will.

Jim e Will são vizinhos e fogem durante a noite para explorar a pequena cidade em que moram. Certo dia, eles escutam um trem chegando e vão bisbilhotar o que pode ser. De repente, eles veem que esse trem estava trazendo partes de um parque de diversões muito esquisito, principalmente porque os trabalhadores (a trupe) do parque de diversões, eram pessoas extremamente macabras. Havia uma bruxa, um homem que parecia uma caveira, um homem todo tatuado que parecia um demônio e o Senhor Dark, o dono do parque.

Com o surgimento desse parque, coisas muito bizarras começam a acontecer com algumas pessoas da cidade, então Jim, Will e Charles (o pai de Will), se unem para tentar resolver o conflito. Apesar de toda a trama do parque de diversão, o autor ainda nos mostra como laço de amizade entre Jim e Will é tão forte que eles praticamente se consideram irmãos. Eles têm uma conexão muito forte. Como história paralela, temos a relação de Will com seu pai, Charles, que é um senhor de idade, zelador e que se considera um fracasso total. Entretanto, das cenas em que o pai dele fala, eu tirei as melhores citações do livro:

"Para que falar do Tempo quando somos o Tempo e moldamos os momentos do universo à medida que eles vão passando, transformando-os em ternura e movimento? E como os homens invejam e frequentemente odeiam esses relógios cálidos, essas esposas que sabem que vão viver para sempre."


"Então, aprenda uma coisa. Às vezes, o homem que parece ser o mais feliz da cidade, aquele com o maior sorriso, é o que carrega o maior fardo de pecados. Existem sorrisos e sorrisos, e é bom você aprender a distinguir os alegres dos sinistros. O falador, o sujeito que vive dando gargalhadas, metade do tempo está fingindo. Ele se divertiu e se sente culpado. Porque os homens adoram pecar, Will, ah, como gostam, não duvide, de todos os modos, formas, tamanhos, cores e cheiros. Às vezes é o colchão, e não a mesa, o que mais se adapta aos nossos apetites. Escute um homem elogiando os outros em voz alta e veja se ele não acabou de sair do chiqueiro."


"(...) lá está você, preso à sua carteira na escola e lá fora está o rio, frio, fresco, caindo na cachoeira. Os meninos podem ouvir a água limpa correndo a quilômetros de distância. E assim, a cada minuto, a cada hora, ao longo de toda uma vida, isso nunca tem fim, nunca para, você tem uma escolha a fazer em um instante, outra no instante seguinte, e em seguida, novamente entre fazer o certo e o errado, e é isso que o relógio diz com o seu tiquetaquear. ‘Corra, vá nadar ou fique no calor; corra, coma a torta ou fique com fome.’ E, assim, você decide ficar; mas, se ficar, Will, você sabe qual é o segredo, não sabe? Não pense no rio outra vez. Ou na torta. Porque, se pensar, você enlouquecerá."


"(...) nossa existência é curta e a eternidade é longa. E com esse conhecimento vieram a piedade e a misericórdia, para que poupássemos os outros para os benefícios mais intricados e misteriosos do amor. “Em resumo, quem somos nós? Nós somos as criaturas que sabem demais. E isso nos deixa com uma carga, um peso com o qual só podemos escolher entre rir ou chorar. Nenhum outro animal faz isso. Nós fazemos as duas coisas, dependendo da necessidade ou da estação."


Em outras palavras, apesar de não ter nada, Charles é um homem muito sábio e é um personagem que traz reflexões interessantíssimas para a história, por isso ele se tornou rapidamente meu personagem preferido. Gostei bastante da história, mas por conta da escrita meio embaralhada (e olha que eu já lidei com Ensaio sobre a cegueira, e amei), e a demora para que você entre "nos trilhos" do enredo, acabei dando somente 3 estrelas. Recomendo para quem gosta desse tipo de terror, envolvendo circos, carroséis e parques de diversão.

E você, já leu algo do autor? Já tinha ouvido falar sobre esse livro? Gosta dessa temática? Comenta aí!

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