Resenha - Quincas Borba

segunda-feira, outubro 18, 2021

 


Quincas Borba, de Machado de Assis, é mais uma obra do realismo que marcou a literatura brasileira. Publicado pela primeira vez em 1891, esse romance narrativa longa, que faz referência à obra anterior do autor, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Título: Quincas Borba

Autor: Machado de Assis

Ano: 2016

Nº de páginas: 256

Editora: Nova Fronteira

Avaliação: ★★★★

Sinopse: Quincas Borba trata da vida de Rubião, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba - personagem descrito em obra anterior de Machado, Memórias póstumas de Brás Cubas -, de quem herda toda a fortuna. Ao trocar a vida provinciana pelo bulício da corte, Rubião leva consigo o cão, também chamado de Quincas Borba, que pertencera ao filósofo e do qual deveria cuidar a fim de preservar o direito à herança. No trem que o conduz ao Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que logo percebem que o companheiro de viagem é um novo-rico ingênuo e ludibriável. Seduzido pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza de Sofia, Rubião passa a frequentar a casa deles, confiando cegamente nos novos amigos.


A história de Quincas Borba começa em Minas Gerais, mas boa parte se passa no Rio de Janeiro. A obra começou a ser publicada em folhetim, mas quando chegou ao fim, ganhou o volume único. 

A narrativa começa na metade dos acontecimentos, quando somos apresentados à Rubião, um homem rico e o verdadeiro protagonista da história. O narrador do livro é onisciente e tem acesso aos pensamentos de todos os personagens. Rubião conhece, logo no começo do livro, Quincas Borba, um filósofo que aparece em Memórias Póstumas de Brás Cubas (resenha aqui), e que herdou de Brás Cubas a sua fortuna. 

Quando Quincas Borba se interessa pela irmã de Rubião, ele vê uma oportunidade de trazer mais dinheiro para a família. Infelizmente, o casamento dos dois não dá certo e Quincas Borba adoece. Rubião vira seu "enfermeiro" e começa a cuidar de Quincas e de seu cachorro, que também se chama Quincas Borba. O cão tem o mesmo nome do dono, porque Quincas Borba acreditava na continuidade das coisas e das essências, por isso deu seu nome ao cachorro. Além disso, Quincas também defende a metáfora do campo de batatas, o humanitas, que diz que a definição da humanidade é justamente que o mais forte sobreviva.

Quincas Borba falece e deixa para Rubião sua herança, mas com a condição de que Rubião cuide de seu cachorro como se fosse ele dentro do cão. Rubião se torna milhonário e parte para o Rio de Janeiro, onde as coisas são mais agitadas e interessantes. Na viagem, ele conhece Sofia e Cristiano, seu marido, mas acaba se apaixonando por Sofia.

Obviamente, o amor se torna bastante conflituoso, mas o marido de Sofia não proíbe que os dois se aproximem, pois devia dinheiro para Rubião. Além disso, Rubião continua a deixar-se mover pelo dinheiro. O amor não correspondido aparece como temática forte, uma vez que novos personagens vão aparecendo e amores antigos são retomados. Várias questões políticas são tratadas, mas tudo sempre girando em torno do dinheiro.

O complexo de grandeza de Rubião sobe tanto, que ele acaba ficando maluco. Ele é internado e a história caminha para o final. 

"Ao vencedor, as batatas".

Mais uma vez, Machado de Assis mantém o pessimismo, humor, metalinguagem, intertextualidade, conversa com o leitor e, especificamente nessa obra, a ingenuidade vs. a sagacidade dos personagens, esses que valorizam a aparência e se mostram bastante oportunistas. Desse modo, o autor faz um retrato da sociedade da época e da personalidade humana (egoísta e ambisiosa). 

Esse foi um dos livros que menos me chamou a atenção de Machado de Assis. Eu amo de paixão Memórias Póstumas e Dom Casmurro, mas demorei muito para me interessar por Quincas Borba. Realmente, esse foi o romance menos envolvente, mas não deixa de ser bom! O autor não deixa de trazer aquele soco na cara e mostrar como o ser humano é naturalmente podre em diversos sentidos, ainda mais quando influenciado pela sociedade em que vive. Recomendo a leitura desse clássico para quem já gosta de Machado de Assis. Se você nunca leu nada do autor, começe por outra obra.


E você, já leu Quincas Borba? Gosta de outras obras do Machado? Comenta aí!

Você também poderá gostar de

0 comentários

"Comento, logo existo."