Resenha - Caim

segunda-feira, maio 27, 2019


Caim é a obra de José Saramago que o fez ganhar o Prêmio Nobel da Literatura. Publicado em 2009, o livro traz um retrato diferente da história bíblica de Caim.

Título: Caim
Autor: José Saramago
Ano: 2009
Nº de páginas: 172
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Neste novo romance, o vencedor do prêmio Nobel José Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com deus e parte numa jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
Se, em O Evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste Caim ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente.
Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar.
Caim, uma obra extremamente criticada e polêmica, foi o primeiro livro de José Saramago que eu li e posso dizer que é simplesmente genial! Acompanhamos o começo do Éden, o nascimento de Caim e Abel, o pecado de Eva e a família sendo expulsa do paraíso por conta do deslize. Toda aquela história que conhecemos sobre o assassinato de Abel, a marca na testa de Caim, seu relacionamento com a Lilith, etc, tudo isso está nessa história retratada de um modo muito mais humorístico e crítico. Os personagens são engraçados e os diálogos te farão rir alto. 

A linguagem diferenciada de Saramago é algo que eu já tinha ouvido falar bastante: sem paragrafação, sem travessão de diálogo, falta de letras maiúsculas ("deus" sempre em letra minúscula); tudo junto e misturado. No começo, isso atrapalha um pouco o ritmo da leitura e o entendimento do que está acontecendo. Entretanto, o efeito de confusão passa rapidamente e logo nos acostumamos.

O autor foi amplamente criticado por essa obra, bem como foi criticado em 1991, com a publicação de O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Contudo, defendeu-se dizendo que há liberdade de expressão na literatura e criticando a igreja católica.

A quantidade de exemplares vendidos e o Prêmio Nobel não me deixam mentir. A obra é espetacular e divertida do início ao fim. A adaptação da história original pelas mãos de Saramago, fazem desse mito bíblico muito melhor nessa versão. Recomendo muito que todos conheçam esse Caim, porque ele é muito mais interessante, bem como todos os outros personagens que compõem essa história.

E você, já leu algo do Saramago? Gostou? Comenta aí!

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