Resenha - A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias

quinta-feira, abril 15, 2021

 


Douglas Noël Adams, um dos escritores e comediantes mais conhecidos do mundo, morreu em 2001, aos 49 anos, deixando para nós uma das comédias de ficção científica mais famosas do mundo: O Guia do Mochileiro das Galáxias. Em A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias, Jem Roberts nos apresenta a biografia completa do autor, bem como trechos inéditos de sua obra prima.

Título: A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias
Autor: Jem Roberts
Ano: 2016
Nº de páginas: 552
Editora: Editora Aleph
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: O Guia do mochileiro das galáxias foi, além de um marco do entretenimento britânico e mundial, uma das séries de comédia mais importantes, influentes e absurdamente legais já escritas. Revelando desde influências dos Beatles até relações com Doctor Who e Monty Python, Jem Roberts nos convida a descobrir a incrível história de Douglas Adams e de sua maior obra, anos depois da repentina e chocante morte do autor. Esta biografia, publicada com total aprovação de sua família e de seus amigos mais próximos, lança um novo olhar sobre Douglas e sua mundialmente aclamada criação. Pela primeira vez os arquivos pessoais do autor do Guia foram examinados, e ideias, trechos inéditos, relatos e novas piadas foram reunidos aqui, para a apreciação dos fãs, como uma celebração à mais louca odisseia da história da comédia britânica. Não entrem em pânico. E preparem suas toalhas...

Descobri O Guia do Mochileiro das Galáxias em 2014, e a partir do primeiro volume da trilogia de cinco livros, já fiquei encantada com o universo de Douglas Adams. Você pode ler todas as resenhas que escrevi dos livros aqui:

★★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - DON'T PANIC - Vol. 1 (Douglas Adams)

★★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - O restaurante no fim do universo - Vol. 2 (Douglas Adams)

★★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - A Vida, o Universo e Tudo Mais - Vol. 3 (Douglas Adams)

★★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - Até Mais, e obrigado pelos Peixes! - Vol. 4 (Douglas Adams)

★★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - Praticamente Inofensiva - Vol 5 (Final) (Douglas Adams)

★ O Guia do Mochileiro das Galáxias - E Tem Outra Coisa... - Vol. 6 (Eoin Colfer)



Alguns anos depois de concluir as leituras do Mochileiro, descobri a série de Dirk Gently na Netflix. Fiquei fissurada pela série e, consequentemente, muito curiosa para ler os dois livros que haviam sido publicados e que "aparentemente" seriam a base do seriado. Esse ano, decidi ler as duas obras e vi que a série é totalmente "divorciada" dos acontecimentos dos livros. Como sempre fui fã do Douglas Adams (e nunca esqueci minha toalha), na Black Friday de 2020, comprei essa biografia dele para conhecer mais do autor, como foi que ele chegou a se tornar um escritor famoso, quais foram os processos de roterizar episódios de Doctor Who (outro nova obsessão minha) e tudo o mais. 

Como essa biografia é grande (552 páginas), decidi adiantá-la na lista de leituras antes que minhas férias acabassem e minha cabeça ficasse tão cheia a ponto de eu nem querer passar perto do livro. Enfim, consegui viajar no universo da vida do Mingo tranquilamente! Descobri coisas muito interessantes ao longo da leitura e compatilharei com vocês agora.

Para começar, o avô de Douglas era considerado um gênio e recebia prêmios por seus trabalhos científicos. Os homens da família Adams eram muito altos e tinham narizes muito grandes, o que fez com que Douglas sofresse bullying por ter 1,96 de altura! Logo cedo, ele enfrentou um trauma, já que os pais dele se separaram quando ele era criança. Ele foi morar com a mãe e sempre achou que não era bom em nada. Na nova escola, o que o fez ver potencial em si mesmo, foi um professor que lhe deu um 10 (ele nunca dava 10 para ninguém) em um trabalho de criação de histórias.


O Mingo sempre adorou ouvir programas de comédia no rádio e, quando a família dele comprou uma TV, Doctor Who tornou-se sua série preferida (ele assistia os episódios lançados semanalmente). Ele também era fissurado por música e, principalmente, pelos Beatles e Bath. 

Antes de entrar para a faculdade, ele faz um mochilão pela Europa. Sua viagem foi sem dinheiro e cheia de sorte, porque ele pegava carona com estranhos, oferecia serviços em troca de um jantar e de estadia, ficava dias sem tomar banho... Foi realmente uma viagem que marcou a vida dele completamente. Inclusive, foi durante a viagem que ele teve a ideia para o título do Mochileiro (ele estava bêbado, deitado na grama de barriga para cima):


"Quandos as estrelas apareceram... Pensei: 'Oh, parece ser muito mais interessante lá em cima'. Um título caiu do céu: O guia do mochileiro das galáxias. Parecia um livro que alguém tinha de escrever, mas não me veio à cabeça que eu deveria ser a pessoa que o faria... Se tão somente alguém o escrevesse, eu, quanto a mim, colocaria a mochila nas costas e daria no pé rapidinho. Tendo tido esse pensamento, adormeci imediatamente e esqueci isso por seis anos." (p. 45)


Douglas ganhou uma bolsa para estudar inglês em Cambridge, mas ele sempre quis ser físico, porque adorava ciências (entretanto, reconhecia que era péssimo em matemática). Após se formar, ele fez parte de um grupo de atuação de comediantes, tornou-se roteirista do programa de comédia da TV britânica "Monty Python's Flying Circus" e, assim, ia se aproximando mais da televisão, dos roteiros e do desejo de roterizar Doctor Who.


Depois de um tempo sem trabalho, com as contas no vermelho, Douglas caiu em depressão e voltou a morar com a mãe mais perto da natureza. Certo dia, um produtor liga para ele e pergunta se ele tem alguma ideia de ficção científica interessante que pudesse ser trabalhada. Dessa forma, Douglas conseguiu sair da depressão criando o Mochileiro, que se tornou uma série de rádio, transmitida em episódios de 30 minutos na BBC Rádio 4. 


"Em certo sentido, o Mochileiro é uma espécie de As Viagens de Gulliver no espaço. Vai-se embora para o espaço, deixa-se o mundo, depara-se com todo tipo de povos extraordinários que se comportam de maneiroas extraordinárias e descobre-se que, quanto mais as coisas mudam, mais elas pemanecem as mesmas. As fraquezas humanas são representadas em uma escala realmente grande... A vantagem da ficção científica é conseguir olhar pela outra ponta do telescópio e enxergar as coisas em uma perspectiva totalmente distinta." (p. 112)


Pouco tempo depois, surgiu a demanda de transformar o Guia em romance, o que consequentemente o fez virar peças de teatro, a série televisiva de 1981 e, por fim, depois da morte do autor, no filme produzido pela Disney. Obviamente, no meio disso tudo, Douglas ainda roterizou episódios chamados de "City of Death" para Doctor Who e foi convidado a roterizar uma temporada inteira da série.


"Narrador: O guia do mochileiro das galáxias é um livro realmente admirável. A introdução começa assim: 'O espaço', diz ele, 'é grande. Grande, mesmo. Não dá para acreditar o quanto ele é desmensuradamente grande. Você pode achar que da sua casa até a farmácia é longe, mas isso não é nada em comparação com o espaço...'. E por aí vai." (p. 130)


O Mingo também se casou e foi pai, mas infelizmente, quando sua filha estava com apenas 6 anos de idade, ele sofreu uma parada cardíaca a morreu. D. Adams era ateu e sempre deixava isso muito claro:


"Acho todo o negócio de religião profundamente interessante. Mas fico perplexo, sim, que pessoas inteligentes em outros âmbitos a leve a sério." (p. 44)

"Não obstante a razão, o universo continua sem parar. Em milhões de planetas pela galáxia afora, novos sonhos estão sendo sonhados, novas esperanças são esperadas e novos dias continuam amanhecendo, apesar da terrível taxa de fracasso." (p. 470)


A obra utilizou muitos trechos retirados de uma entrevista que Neil Gaiman fez com Douglas Adams, na qual ele comenta vários acontecimentos de sua vida e também sobre sua escrita:


"Em certo sentido, cada personagem que você escreve vem de você, porque você só tem a sua própria experiência na qual se inspirar, e a sua própria experiência de outras pessoas é apenas a sua experiência de outras pessoas, então todo personagem, na verdade, vem de você. (...) Qualquer escritor lhe dirá que, depois de um tempo, se um personagem está funcionando, ele vai começar a lhe dizer o que ele quer fazer, e não vice-versa." (p. 134)


O autor também conta a Neil Gaiman que, conforme os editores iam cobrando mais livros do Mochileiro e, conforme ele ia atrasando sempre nos prazos, ele sentia que escrever era uma obrigação e foi enjoando do universo do Guia do Mochileiro. Ele estava sempre pensando que queria algo novo, um universo novo. Por conta disso, ele escreveu Dirk Gently e, antes de morrer, afirmou estar trabalhando em algo novo e totalmente fora do que já havia publicado antes.

Douglas criou várias palavras para o seu universo, por isso ele é chamado até hoje de "Mingo" pelos fãs:


"Dupal significa 'cara muito incrível', e mingo, 'cara realmente muito incrível'." (p. 165)


Eu raramente leio biografias, apenas de autores que eu gosto MUITO mesmo. Inclusive, pretendo em breve comprar alguma das briografias de Tolkien. Se você é um fã de Douglas Adams e do universo louco que ele criou, recomendo muito a leitura dessa biografia! A edição da Aleph é linda e o livro tem um conteúdo bastante completo.


"Meu universo são meus olhos e meus ouvidos, qualquer coisa fora disso é boato." (p.216)


"(...) mas existe combustível mais potente para a paixão do que saber que sua felicidade pode ser apenas transitória?" (p. 241)


E você, já leu algo do Douglas Adams? Gosta do Mochileiro? Comenta aí!

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