Resenha - Maus: a história de um sobrevivente

quinta-feira, abril 01, 2021

 

Maus, do cartunista norte-americano, Art Spiegelman, é uma graphic novel que foi publicada pela primeira vez em 1980. Nos quadrinhos, acompanhamos a entrevista que Spiegelman fez com seu pai, um polonês judeu que sobreviveu ao Holocausto.

Título: Maus: a história de um sobrevivente

Autor: Art Spiegelman

Ano: 2005

Nº de páginas: 2005

Editora: Quadrinhos na Cia

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Maus, rato em alemão, é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu aos campos de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art Spiegelman. O livro é considerado um clássico moderno das histórias em quadrinhos. Foi publicado em 2 partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de Literatura. A obra é um sucesso estrondoso de crítica e público. Desde que foi lançada, tem sido objeto de análises e estudos de especialistas em diversas áreas, como artes, história, literatura e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as 2 partes reunidas num só volume. Nos quadrinhos, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas como gatos, e, americanos como cachorros e poloneses como porcos. Esse recurso, aliado à ausência de cor nos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto. Art, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para espaçar a dúvidas e inquietações. É implacável com o personagem principal, seu próprio pai, retratado como destemido e valoroso, mas também como mesquinho e racista. De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável.


"Maus" significa "rato" em alemão, e era justamente assim que os judeus eram representados em algumas das propagandas nazistas, referindo-se a eles como sujos que se multiplicavam como ratos e tomavam conta do país como pragas. O autor escolheu justamente a imagem dos ratos para representar os judeus na graphic novel, assim como os porcos representavam os poloneses, os gatos eram os alemães, os cachorros eram os americanos, entre outros. Esse antropozoomorfismo (junção do humano com o animal) foi uma característica muito interessante na obra e, acredito que foi bastante provocativa na época de sua publicação também.

Inclusive, a obra foi publicada em duas partes, a primeira em 1986, e a segunda, em 1990. A graphic novel que temos hoje em dia, é a junção das duas partes. O livro é baseado em fatos reais: as memórias de Vladek Spiegelman, o pai do autor, que sobreviveu o Holocausto em Auschwitz. O pai dele conta como era a vida antes do início da Guerra, como ele conheceu a mãe de Art e como o "inferno" começou. A história de Vladek é extremamente comovente e, por meio de seus relatos, podemos entender de perto como era difícil viver fugindo e, depois de pegos, como era a vida em um campo de concentração (se é que aquilo podia ser chamado de "vida"). A dor, a fome, o medo e a perda são aspectos muito tristes retratados, tornando a história comovente do início ao fim.

Art Spiegelman, entretanto, resolveu mostrar seu pai como ele realmente era durante as entrevistas: um velho difícil de lidar, mesquinho e pão-duro. Por conta de tudo o que ele viveu no passado, ele tinha pesadelos e se tornou uma pessoa extremamente sovina. O romance entre Vladek e Anja, a mãe de Art, também uma das coisas mais comoventes e emocionantes da obra. Ambos conseguiram sobreviver e se reencontrar depois da guerra, embora o final dela tenha sido muito chocante e é apresentado logo no início.

Gostei muito da leitura e terminei em um dia. Recomendo muito para quem gosta de ler relatos de sobreviventes do Holocausto, embora Maus tenha um tom de crítica mais claro do que Anne Frank, por exemplo. Acho que essa é uma leitura necessária e é uma pena que a graphic novel não tenha um preço tão acessível.

E você, já leu Maus ou ouviu falar? Gostaria de ler? O que você acha de obras sobre Segunda Guerra Mundial e Holocausto? Comenta aí!

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