Resenha - A Metamorfose, Um artista da fome e Carta ao Pai

quinta-feira, abril 29, 2021

 

Franz Kafka foi um autor austríaco que escrevia contos e romances em alemão. Ele foi um dos escritores mais influentes do século XX. Nessa edição bastante simples da editora Martin Claret, temos a reunião de 3 criações kafkianas importantes: o romance "A Metamorfose" e os contos "Um Artista da Fome" e "Carta ao Pai".

Título: A Metamorfose, Um artista da fome e Carta ao Pai

Autor: Franz Kafka

Ano: 2012

Nº de páginas: 112

Editora: Martin Claret

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Em uma manhã qualquer, ao acordar mais uma vez para o trabalho, o caixeiro-viajante Gregor Samsa percebe que durante o sono, transformou-se em um inseto com "dorso duro e inúmeras patas". O jovem passa a analisar a sua mudança, à primeira vista, de forma prática, mas, posteriormente, sua análise torna-se psicológica e densa. Em "A metamorfose", Kafka faz uma profunda análise da desesperança e da alienação do homem moderno, imerso num mundo que não consegue compreender. Uma crítica contundente à sociedade, que despreza as diferenças, os enfermos e as pessoas improdutivas. Este volume traz ainda o conto "Um artista da fome", que retrata um protagonista (um arquétipo de Kafka) marginalizado pela sociedade, e "Carta ao pai", obra autobiográfica do autor com o pai.


Na verdade eu já aprecio Kafka há um bom tempo, por isso "A Metamorfose" e "Carta ao Pai" foram releituras para mim. Você pode conferir as resenhas aqui: A Metamorfose - Carta ao Pai.

Vou aproveitar essa resenha para falar mais de Um artista da fome, que foi o texto novo para mim. Um Artista da Fome foi lançado em 1922, e depois virou o título do último livro de contos de Franz Kafka, publicado em 1924, pouco antes de sua morte.

O conto é sobre o "artista da fome", um artista que faz jejum profissionalmente e permite que pessoas paguem para assistir e contemplar esse processo de jejum pelo tempo de mais ou menos 40 dias, ou seja, as pessoas pagam para ver o artista emagrecendo e lidando com a fome. 

O artista ficava o processo todo dentro de uma gaiola, rigorosamente vigiada por guardas para garantir a credibilidade da arte. Depois dos 40 dias, era feita uma festa e o artista recebia um banquete cuidadosamente preparado. Como se não bastasse o "absurdo" por trás de sua arte, ele ainda ficava insatisfeito e queria fazer o jejum por mais dias, porém o seu empresário não o permitia. Segundo o protagonista, ele não sentia fome alguma.

Com o tempo, as pessoas perceberam que aquela arte era muito extrema e pararam de ir presenciar a "exposição". Portanto, o protagonista precisou demitir seu empresário e foi trabalhar em um circo. Ainda assim, ele continuava jejuando e definhando.

“Eu não pude encontrar o alimento que me agrada. Se eu o tivesse encontrado, pode acreditar, não teria feito nenhum alarde e me empanturrado como você e todo mundo.”

Esse conto apresenta claramente as características da escrita kafkiana: seres humanos tão sem dignidade que podem ser comparados a animais (como em A Metamorfose, no qual o protagonista vira um inseto asqueiroso). Entretanto, suas narrativas são sempre um tanto absurdas e um tanto profundas, contendo críticas à cultura e à sociedade.

Há alguns estudos que apontam que esse conto é o mais autobiográfico de Kafka, pois assim como ele, o protagonista precisa passar pela abstinência e, ainda assim, prefere continuar praticando sua arte, independentemente das consequências e da aprovação do público, porque tanto Kafka quanto o artista da fome, queriam a realização de suas vocações.

Achei todos os aspectos desse conto extremamente interessantes, principalmente a relação autobiográfica. É um conto curto, que pode ser lido naturalmente de uma vez só, mas que exige uma atenção maior durante a leitura, para que você possa sentir aquela fisgadinha, no coração e na consciência, que as obras de Franz Kafka sempre causam nos leitores. É um texto profundo e que permite inúmeras interpretações, devido à carga pesada de elementos e cenários subjetivos. Portanto, está muito mais que recomendado!

E você, já leu algo de Kafka? Gostaria de ler esse conto? Comenta aí!

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