Resenha - A Valsa dos Adeuses

sexta-feira, julho 16, 2021

 

Publicado pela primeira vez em 1972, A Valsa dos Adeuses é um romance do autor tcheco Milan Kundera. A obra trata de assuntos fortíssimos que tentam atrapalhar o amor, fazendo-o rodopiar e desviar tanto, que é como se estivesse em uma valsa.

Título: A Valsa dos Adeuses

Autor: Milan Kundera

Ano: 2010

Nº de páginas: 248

Editora: Companhia de Bolso

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Em um pequeno balneário decadente, oito personagens se ligam de maneiras improváveis. Esterilidade, amor não correspondido, adultério, depressão, aborto - Kundera reúne neste romance elementos que podem perturbar o amor. Pares se encontram e desencontram como se rodopiassem ao som de uma valsa. A música dá partida para o tema inicial do livro - a gravidez indesejada de uma jovem em contrapartida ao desejo de ser mãe que leva as mulheres até a estação de águas. Aos poucos, Milan Kundera apresenta a outros pares, a outros temas. E, através desses personagens, o autor levanta questões como a ética dos processos de fertilização, a traição entre amigos, os limites da paixão, as armadilhas do ciúme, o despertar do erotismo, a necessidade de tomar as rédeas da própria vida ou morte.


Em 2019, eu conclui minha primeira leitura de Milan Kundera. "A Insustentável Leveza do Ser" (RESENHA AQUI) foi um dos melhores livros que eu já li na minha vida. Logo, eu mal podia esperar para ler outra obra do autor. Comprei A Valsa dos Adeuses no final de 2020 e, finalmente, consegui ler mais uma "obra de arte" de Kundera.

"A Valsa dos Adeuses" gira em torno de 8 personagens que estão interligados e interagem em torno de seus próprios problemas e dramas. Com isso, temos temáticas como adultério, aborto, depressão, suicídio, paixão, ciúme, erotismo, nascimento e morte, tudo isso com uma boa dose quente de filosofia e discussões que te deixam de queixo caído. 

A história começa com um músico recebendo uma ligação de uma garota de outra cidade. Ela acabara de descobrir que estava grávida dele e queria que ele voltasse à cidade dela para eles decidirem o que seria feito. Ele, como homem casado e que nem poderia sonhar com o fim do seu casamento, entra em desespero e está disposto à fazê-la desistir de ter a criança. A partir desse primeiro empecilho, temos o desenrolar da história toda e o desenvolver de vários outros personagens.

O romance é bem curto, a linguagem flue e você se vê envolvido na história e com os personagens logo de início. Mais uma vez, Milan Kundera nos apresenta tapas na cara com uma grande carga de conhecimento, reflexões e o lado obscuro da ética humana. Recomendo DEMAIS essa leitura, que com certeza entrará para o meu TOP 3 desse ano. Se você quiser um gostinho, seguem as minhas citações preferidas:


"Vou lhe dizer. Se a ciência e a arte são de fato a própria, a verdadeira arena da história, a política é, ao contrário, o laboratório científico fechado em que o homem se submete a experiências inacreditáveis. Nela, cobaias humanas são jogadas em alçapões e depois levadas para o palco, seduzidas pelos aplausos e apavarodas pelas forças, denunciadas e obrigadas a delatar."


"Você pode me dizer que espécie de dia vai ser esse que começou com tamanho ato de violência? O que pode acontecer com pessoas às quais o despertador administra diariamente um pqueno choque elétrico? Acostumam-se a cada dia com a violência e desprendem a cada dia o prazer. Creia-me, são essas manhãs que decidem o temperamento do homem."


"Um amor excessivo é um amor culpado"


"O desejo de ordem é ao mesmo tempo desejo de morte, porque a vida é perpétua de violação da ordem. Ou, inversamente, o desejo de ordem é o pretexto pelo qual a raiva do homem pelo homem justifica suas sevícias".


"Ter um filho é manifestar um acordo absoluto com o homem. Se tenho um filho, é como se dissesse: nasci, apreciei a vida e constatei que ela é tão boa que merece ser repetida. (...) Sei apenas uma coisa, é que nunca poderei dizer com total convicção: o homem é maravilhoso e quero reproduzi-lo".

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