Resenha - Poemas dos becos de Goiás e estórias mais

segunda-feira, setembro 27, 2021

 


Poemas dos becos de Goiás e estórias mais foi a primeira obra publicada por Cora Coralina, em 1965, motivada por Carlos Drummond de Andrade, que amou a obra. Nessa antologia de 37 poemas, Cora narra suas vivências em Goiás.

Título: Poemas dos becos de Goiás e estórias mais

Autora: Cora Coralina

Ano: 2012

Nº de páginas: 187

Editora: Lido em PDF (Editora Global)

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Primeira obra publicada pela autora, reúne 37 poemas que encantaram Drummond. Os versos de Cora contam fatos, lendas e tradições de nossa terra. Povoados de sua vivência interiorana, de seu bom humor de mulher simples, o livro desvenda revelações pessoais e sociais da vida em Goiás.


Poemas dos becos de Goiás e estórias mais foi a primeira obra que li de Cora Coralina. A vontade surgiu depois de assistir a uma live do Litteraria, que falava exclusivamente sobre essa obra da autora (deixarei o vídeo no final da resenha). Eu particularmente adoro (e recomendo) livros e poemas que tratam de experiências vividas especificamente em uma região do Brasil. Se for interiorana, como no caso de Cora, é ainda mais pessoal e interessante.

A vida simples que Cora levava em sua casa, com sua família, como era a vida na escola daquela época, como eram os costumes, quais foram as histórias mais marcantes que ela ouviu dos mais velhos, quais eram as lendas, quais foram as experiências que ela nunca mais esqueceu... Tudo isso está registrado nesse livro e tem como pano de fundo o Estado de Goiás que, inclusive, hoje conta com um Museu feito na antiga casa de Cora Coralina.

Os poemas que eu mais gostei, foram: Becos de Goiás, A Escolta da Mestra Silvina, Evém Boiada, Cântico de Adrandina, Poema do Milho, Mulher da Vida, Oração do Pequeno Delinquente e Minha Infância.

Seguem alguns trechos que marquei:


"Em qualquer parte da Terra um homem estará sempre plantando, recriando a Vida. 

Recomeçando o Mundo."


"Meus brinquedos...

Coquilhos de palmeira.

Bonecas de pano.

Caquinhos de louça.

Cavalinhos de forquilha.

Viagens infindáveis...

Meu mundo imaginário

mesclado à realidade."


"Veio Malthus:

Limitai os filhos.

Planejai a família como qualquer empresa.

Haverá mais bocas para comer

do que abastos para ser comido."


"haverá sempre um adulto se evadindo de um Mobral. Aumenta o número de adultos analfabetos na razão direta da criança sem escola, aumenta a criminalidade jovem na razão direta do Menor Abandonado, infrator, corrompido, delinquente a caminho da criminalidade do adulto pela falta de escolas profissionais, escolas de salvação social."


"O tempo foi passando, foi levando: minha bisavó, meu avô, minha mãe, minhas irmãs.

A velha casa."


"Emporcalhado – estira os quartos.

Alonga o pescoço. Encomprida o cabo.

Língua de fora, de lado.

Olhos abertos. Vidrados.

Morre o boi.

Olhos abertos, vidrados vendo – o pasto verde, o barreiro salitrado, a aguada fria, cantante, distante...

Eu vi

a alma do boi pastando, lambendo, bebendo, nas invernadas do Céu.

Eu vi – de verdade –

a alma do boi – boizinho pequenino, entrando, deitando alegrinho na lapinha de Belém."


Abaixo está o vídeo que é, na verdade, uma aula completa sobre a obra e a autora:


E você, já leu alguma obra de Cora Coralina? Comenta aí!

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