Resenha - A Revolução dos Bichos

segunda-feira, setembro 13, 2021

 


A Revolução dos Bichos, de George Orwell, foi publicado pela primeira vez em 1945, mas foi escrita durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de rejeitada por várias editoras, a obra finalmente foi para as prateleiras, mesmo com suas sátiras ao stalinismo da época.

Título: A Revolução dos Bichos

Autor: George Orwell

Ano: 2007

Nº de páginas: 152

Editora: Companhia das Letras

Avaliação: ★★★★★

Sinopse: Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, 'A Revolução dos Bichos' é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stalin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, a obra passou a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell repetiria o mesmo gesto anos mais tarde com seu outro romance 1984, finalizado-o às pressas à beira da morte para que o mesmo service de alerta ao ocidente sobre o horrores do totalitarismo comunista. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.


"TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS"


Depois de muito tempo, finalmente consegui ler A Revolução dos Bichos (e ainda esse ano planejo ler 1984). A obra é simplesmente um soco na boca do estômago, pois mostra uma realidade que temos até hoje em dia e como nossa sociedade se deixa funcionar exatamente da mesma forma.

“O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante."

Na obra, uma boa quantidade de animais que viviam em um rancho, se revoltam contra o humano que cuidava deles. Para eles, Jones, o humano, os fazia de escravos, não os alimentava direito, tiravam seus ovos, leite e qualquer produção para que ele, sem grandes esforços, pudesse vender e ganhar muito dinheiro. Com uma revolução, eles conseguem botar o ser humano para correr e os porcos criam os 7 mandamentos, que dizem que os animais jamais devem andar em duas patas, vestir roupas, dormir em uma cama, virar escravo, fazer negócios com humanos e por aí vai... Eles chamaram os animais no poder de "Animalismo".

"Nenhum argumento poderá deter-vos. Fechai os ouvidos quando vos disserem que o Homem e os animais têm interesses comuns, que a prosperidade de um é a prosperidade dos outros. É tudo mentira. O Homem não busca interesses que não os dele próprio."

Com isso, uma nova política de "liberdade" se instaurou no rancho. Os animais trabalhavam e toda a produção era dividida igualmente (socialismo). Porém, não demorou muito até dois líderes porcos surgirem: Napoleão e Bola-de-Neve. Os dois não eram muito amigos e cada um tinha o seu grupo, mas tentavam botar ordem no rancho juntos. Os porcos começam a dizer que são mais intelectuais que os outros animais, por isso eles deveriam administrar o trabalho no rancho. Aqui, vemos claramente a figura do porco como representação do capitalismo.

"Para o futuro, todos os problemas relacionados com o funcionamento da granja seriam resolvidos por uma comissão de porcos, presidida por ele, que se reuniria em particular e depois comunicaria suas decisões aos demais."

Com socialismo e capitalismo acontecendo no rancho (apesar de jamais mostrar essas nomenclaturas), os porcos vão ficando cada vez mais "abusados". Começam a dormir em camas e os outros animais reclamam, uma vez que é contra os 7 mandamentos. Eles alegam serem mais inteligentes e que isso não tem nada demais. Os outros animais aceitam e seguem suas vidas. Napoleão e Bola-de-Neve, discretamente disputam pelo poder no rancho, até que expulsam Bola-de-Neve e o colocam como vilão e quebrador de regras. Napoleão, então, obriga que todos que já burlaram alguma regra, se apresentem para serem executados. Assim, a primeira execução em massa acontece no rancho.

"os porcos não só faziam as refeições na cozinha e utilizavam a sala como local de recreação, mas ainda dormiam nas camas."

A partir daí, Napoleão vai aos poucos burlando todos os 7 mandamentos, os animais começam a receber menos comida, negociações são feitas com humanos e muitas manipulações são feitas pelos seus parceiros, a fim de enganar os animais que duvidavam de Napoleão. 

"De certa maneira, parecia como se a granja se houvesse tornado rica sem que nenhum animal tivesse enriquecido — exceto, é claro, os porcos e os cachorros."

Essa obra é simplesmente genial e mostra como a política da nossa sociedade funciona e que, sendo socialismo ou capitalismo, o sistema sempre vai ser corrompido por aqueles que acham que merecem estar no poder. O poder subirá à cabeça e eles passarão por cima dos outros por dinheiro. Sempre alguns trabalharão bem mais do que outros, etc. A trama é, literalmente, uma amostra de como nosso mundo é organizado, mas em outro contexto: com animais e um rancho. Nós nada mais somos do que animais que produzem para os porcos venderem e obterem lucro, dando-nos uma pequena parcela disso e achando incrível. 

"mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco. "

Recomendo muito a leitura! Eu deveria ter lido bem antes. A linguagem é simples e a história é bem curta, apesar de extremamente necessária.


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