Resenha - As intermitências da morte

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

 

As intermitências da morte, de 2005, é mais uma das obras-primas de José Saramago. Foi minha terceira experiência com o autor e eu achei simplesmente sensacional.

Título: As intermitências da morte

Autor: José Saramago

Ano: 2005

Nº de páginas: 208

Editora: Companhia das letras

Avaliação: ★★★★

Sinopse: Depois de séculos sendo odiada pela humanidade, a morte resolve pendurar o chapéu e abandonar o ofício. O acontecimento incomum, que a princípio parece uma benção, logo expõe as intrincadas relações entre Igreja, Estado e a vida cotidiana. "Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura. Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel da Literatura buscou o material para seu novo romance, As intermitências da morte. Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema.


As intermitências da morte foi um dos livros mais peculiares que eu já li. A linguagem do Saramago eu já conhecia, então não foi tão confuso de entender os diálogos e os trechos de narrativa. No cenário da obra, em um país as pessoas simplesmente param de morrer. Se você levar um tiro, você não morre. Se você for velho e estiver só esperando a morte, você não morre. Você pode se quebrar inteiro, ter 300 tumores e você não morrerá. Tudo isso causa muita angústia nas pessoas e também uma preocupação governamental, uma vez que o as pessoas só irão nascer e não morrer, causando a lotação do país. 

Tudo isso ocorre porque a Morte não acha mais justo ser tão odiada e temida pela humanidade, portanto, ela decide parar de "trabalhar". Boa parte do romance é apenas constituído de falas da morte, de justificativas, de problematizações em relação ao conceito da morte e, principalmente, em como a sociedade vê a morte, algo que não deveria ser tão detestado, já que é tão natural quanto o nascimento.

Gostei muito da obra e, apesar de algumas partes serem bem confusas, os discursos da Morte são inesquecíveis e posso garantir que marquei umas vinte citações. Recomendo o livro para quem já leu Saramago antes, uma vez que pode se tornar de difícil leitura se você não teve experiência com ele antes.

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