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Resenha - Vidas Secas

quarta-feira, junho 13, 2018


Vidas Secas foi publicado em 1938 e é o quarto romance de Graciliano Ramos. Esse clássico mostra quais eram as condições de vida dos sertanejos em meio à seca do Sertão brasileiro. Nessa obra, acompanhamos a fuga de uma família inteira cansada, sedenta, faminta e esperançosa.


Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Ano: 1938
Editora: *Lido em formato .mobi
Nº de páginas: 195
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". VIDAS SECAS é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.
Vidas Secas é uma obra extremamente triste, que mostra como a seca do sertão brasileiro atingia famílias dos sertanejos de forma cruel. Nesse romance modernista de Graciliano Ramos, acompanhamos a fuga de Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e Baleia, a cachorrinha da família.

Com apenas algumas poucas cabeças de gado, os cinco viviam em uma pequena fazenda humilde. Certo dia, houve uma tempestade inimaginável, que alagou tudo e alcançou a casa deles, forçando-os a sair às pressas.

O livro começa com a família caminhando dolorosamente pelo solo rachado e seco do deserto. A sede, a fome, a fraqueza, o cansaço e a dor são aspectos destacados e descritos para que criemos empatia com esses sentimentos, pois há uma sensação angustiante de que a morte está ali, pairando sobre eles enquanto caminham com esforço.

Não se sabe ao certo o destino deles, apenas um lugar que possa lhes proporcionar um futuro melhor. Em meio à essa expectativa, somada à desesperança, somos apresentados à personagens com personalidades únicas.

Fabiano é um homem impulsivo, incapaz de medir as consequências dos seus atos. Sinhá Vitória é o contrário, tendo atitudes mais bem pensadas e independentes. Os dois filhos não são muito explorados (nem nome eles têm) e Baleia é uma personagem feita para ganhar a afeição do leitor, afinal, a cachorrinha não abandona os donos, oferece proteção e até traz comida.

A seca permeia o romance do início ao fim, como se a própria história fosse secando cada vez mais até o desfecho, dessa forma, percebe-se que o autor buscou criticar a realidade das vidas que estavam no Sertão, e que não tinham a quem recorrer.

A obra é neorrealista, narrando cruamente os personagens (animalizados) e o ambiente em que eles estão, o que lembra as ideias naturalistas de determinismo (raça, meio e momento histórico influenciam nas atitudes do personagem). Além disso, temos termos regionalistas e o livro apresenta uma fragmentação cubista, podendo ter cada capítulo lido separadamente e fora de ordem. Ou seja, a obra apresenta características modernistas, mas traz um novo realismo. 

E você, já leu Vidas Secas ou alguma obra de Graciliano Ramos? Comenta aí!

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