Você, Escritor! - Conheça a Estrutura de Três Atos

quarta-feira, janeiro 23, 2019


Olá, pessoas interessantes! No post de hoje resolvi trazer uma das conhecidas estruturas de enredo existentes que é: A Estrutura de Três Atos! Até onde eu sei essa estrutura é muito mais utilizadas por roteiristas e me deparei com ela quando eu, em 2016/17 resolvi fazer um trabalho sobre como funciona um roteiro, como que se escreve e todo o mais o que me fez aprender um pouco sobre isso. Mas enfim, apesar de muito usado, tal como muitas dicas de escrita tanto para escritores quanto para roteiristas, isso é um método e não uma regra a ser seguida

Portanto, resolvi trazer esse método aqui para demonstrar que assim como pode ser usado na criação de roteiros, ele também pode ser usado na criação da estrutura do seu livro. Ou seja, quando formos criar o plot e os subplots podemos usá-lo como base. Então, para começar irei explicar o que é essa estrutura e como é dividida. 


Basicamente ele seria divido em: 

  • ATO 1 - APRESENTAÇÃO
  • ATO 2 - CONFRONTO
  • ATO 3 - RESOLUÇÃO

Em termos gerais a estrutura de 3 atos é feita dessa forma, porém dentro de cada um desses nichos há particularidades que devem ser desenvolvidas. 

ATO 1 - APRESENTAÇÃO



1.1 APRESENTAÇÃO DO PERSONAGEM

Logo no começo da história devemos apresentar o nosso personagem, mas como apresentá-lo? Bem tem algumas formas:

Através de um diálogo: Apesar de dar uma sensação um tanto abrupta pro começo de um livro, quando inserimos o personagem principal falando com uma outra pessoa e a partir dali introduzimos uma explicação do porquê daquela conversa o leitor já pode saber quem ele é, o modo como fala e se interage, dando um pouco de sua personalidade a amostra. 

Através de uma memória: Narrar como era a infância pode ser uma boa pegada, apresentando o "antes" de seu personagem. Mas também não precisa ser necessariamente a infância, pode ser qualquer período significativo de sua vida. Em um dos meus livros eu o apresentei em uma memória onde ele tinha 18 anos, mesmo que atualmente ele tenha 28. 

Através de um bate-papo: Para ser sincera não sei se isso pode se enquadrar num jeito de apresentar o personagem. Mas, considerando que vivemos em um período de tecnologia e a comunicação evoluiu rapidamente nas últimas décadas, acredito que apresentá-lo através de um bate-papo (ou até mesmo por uma troca de e-mails) pode ser válida, pois seria o ponto de partida, como, por exemplo, saber que seu personagem trabalha em uma Butique e que costuma sair às 20hrs por ser a última pessoa. Isso dá um pequeno pano de fundo, mas logo nas primeiras páginas já poderá construir um pouco mais dele. 

Através do plano de fundo: Eu gosto de apresentar meu personagem assim, narrando o local onde ele está, o plano de fundo completo. Se tem pessoa. Se tem animal. Claro nada super detalhado, mas isso já dá uma caracterização ao ambiente. E no meio disso aparece o personagem, como ele é de aparência, o que tá usando, como se chama e por quê ele se encontra ali. Nessas horas o legal é mostrar um pequeno hábito dele, como, por exemplo, ficar olhando as horas sempre, ficar balançando a perna de nervoso, fumar um cigarro... Pegaram a ideia, certo?

Mas, enfim, essas são formas que eu imaginei que podem ser usadas para apresentar seu personagem em seu livro, seja de forma direta ou indireta. São apenas dicas, mas espero que uma delas seja uma te ajude s2

Agora, próximo passo! 

1.2 PREMISSA DRAMÁTICA

Essa parte não tem mistério, basicamente é você apresentar a ideia de sua história. 

Vamos usar como exemplo que você apresente seu personagem logo de cara conversando em um bate-papo online com o melhor amigo, eles estão apenas conversando sobre um baile escolar que acontecera em breve, e digamos que de cara dá a ideia de que o enredo vai ser sobre um garoto tentando conquistar a garota que ele queria chamar para o baile. Essa seria meio que a premissa, porém, o que você apresentou foi apenas uma conversa em nenhum momento mostrou a ideia. 

Exemplo prático: 

João: Ce devia chamar a Angélica pro baile! Tô falando, sério!
José: Ela nem gosta de mim, pq eu iria fazer isso?
João: Se vc não fizer outro vai! Eu não pq namoro, sabe?
José: Ok, ok, se te falar que vou, ce para de me encher?
João: Claro. Tu é meu best e não quero que vá alone pro baile no próximo mês. 
José: ok ok, vou ver o que faço...
João: blz. 
José: Flw. 

Sei que pode parecer superficial a conversa, mas é apenas um exemplo. Como podem ver dá para se compreender que João quer que José chame uma garota para o baile no próximo mês, o que já dá para retirar disso é que José é o principal, João é o melhor amigo e a Angélica é a garota que ele gosta, a outra protagonista.

Agora, mostrando a premissa:

Faltava um mês para o baile de formatura da escola Notre-dame, percebia-se o ânimo dos estudantes que circulavam pelos corredores. O modo como conversavam animados. Sorriam de forma cúmplice como se criassem um plano para tornar aquela noite memorável. Era uma escola normal. Era um dia normal. Não havia motivos para que aquilo fosse estragado. 
Porém, a vida era engraçada e muitas vezes contava uma piada mortal. Assim que todos os alunos saíram do colégio, sobrou apenas uma garota organizando algumas papeladas do clube em que estava. Estava tudo calmo com exceção da chuva torrencial que se dava início. Teria que ligar para o seu pai para buscá-la, mas não teria problema. Sim, nenhum problema... 
Um barulho. Um trovão. O medo se alastrando pelo seu corpo. Tentou se afastar, praticamente correndo pelos corredores. Portas trancadas... O som da chuva aumentou... Algo se quebrou seguido de um grito e então... silêncio... 
No dia seguinte saiu uma nota do jornal local informando que a aluna Angélica Lorrence foi encontrada morta na sala de biologia e dias depois a polícia encontrou a arma do crime com as impressões digitais de José, o garoto que gostava da falecida. 

Mais ou menos assim. Eis a premissa. Os personagens foram revelados, José era amigo de João, quem falou a ele para convidar Angélica ao baile da escola. Porém, essa mesma garota acabou sendo encontrando morta e as digitais de José foram achadas na arma do crime, o que significa que a história tem como enredo um caso de assassinato e uma falsa acusação sobre um garoto inocente. 

E a partir daqui iremos para o próximo passo: a crise.

1.3 A CRISE

A partir daqui estaremos finalizando a parte um, que é a apresentação do personagem, a premissa do livro incorporada nos primeiros capítulos e agora vamos falar da crise. Vai ser o ponto que daria o pontapé inicial para entrarmos no segundo ato!

Continuando o exemplo que dei do João e José, a partir do momento que dizem que ele é o assassino da garota, o que vai acontecer? Como ele vai lidar com tudo isso? O que vai as pessoas irão fazer com o menino e a família dele? Esse é o ponto da crise, onde a visão que tinham dele muda drasticamente, quem o viam como um garoto dócil pode vê-lo como psicopata. Quem o via como um fracote, pode achar que ele é na verdade de uma gangue barra pesada, e assim fomentar rumores... Entenderam? Sim? Ótimo! Vou listar aqui o que esse determinado enredo explicativo poderia ter como encaixes para realizar a crise inicial do personagem. 

  • Visão de bom menino ser transfigurada da noite para o dia, passando a ser visto como um marginal além de rumores de como teria matado a garota. 
  • A polícia investigar a fundo sua vida e achando mais indícios para que mostrasse que ele matou a garota, sendo que ele é inocente. 
  • A família ser taxada como um lar de psicopatas, picharem os muros.
  • Haver pais indignados querendo a expulsão dele.
  • Ele perceber que está sendo seguido por alunos marginais da escola que acham que por ele ter matado alguém deveria entrar na gangue também. 
  • O seu melhor amigo acreditar nos rumores e o ignorar na escola, querendo mantê-lo longe de si por medo de que pudesse morrer também. 
Enfim, tem mutia coisa que poderia acontecer para mostrar a crise do personagem. Seja na família, no âmbito escolar ou em qualquer outra área. Essa é a modificação em sua vida, mostrando em como tudo pode mudar de algum jeito. No caso dele é muito abruptamente. 

Ok, já temos o personagem, a premissa e a crise inicial. Mas, agora precisos de mais um pequeno detalhe, esse é bem simples de fazer. 

1.4 PONTO DE VIRADA

Para finalizar, temos que ter um ponto de virada. O personagem não pode ficar apenas sofrendo, certo? Então, o que pode acontecer para que tudo se transforme em algo mais? Bem, deixo aqui algumas coisas que podem acontecer:

  1. José receber uma folha misteriosa de alguém falando que sobre sua inocência e deixará pistas para que ele pudesse descobrir quem realizou o assassinato da garota. 
  2. Ele ser preso pela polícia, mas alguém o fazer fugir. Um simples garoto adolescente fugindo da policia por um crime que não cometeu. 
  3. Os pais dele serem mortos e aparecerem mais coisas incriminadoras para que ele fosse preso, mas ele recebe uma mensagem avisando da aproximação da policia e junto um endereço para ele se encaminhar. 
São três ideias diferentes, mas que podem ser muito bem desenvolvidas dependendo do livro que estiver escrevendo. Mas enfim, esse é o ponto de virada apresentado. José sabe que é inocente, e que é incapaz de matar alguém. E a partir daí começa a pergunta: quem estava por trás de tudo isso? E quem estaria querendo o ajudar tão desesperadamente a não ser preso?

A partir daqui começamos o ato 2. 


ATO 2 - CONFRONTO



2.1 OBSTÁCULOS

Agora começaremos a trabalhar com os conflitos. O que impede o seu personagem a ir em frente? No caso José quer descobrir a verdade. Mesmo sendo um adolescente, ele tem que se virar com o que tem e alguém está o ajudando. O que ele quer descobrir nisso?
  • Quem está por trás de tudo?
  • Quem está o ajudando?
  • Por que ele é o bode expiatório?
  • Por que mataram justamente Angélica?

Isso é o que ele quer descobrir, mas o que vai impedi-lo? Uma perseguição policial? Quem vai ajudá-lo para sair disso tudo? Podemos fazer da seguinte forma, por exemplo:

- José está sendo perseguido por dois policiais (obstáculo), mas no caminho um garoto de sua escola o ajuda, chamando para que se esconda num bar (solução)

Mais ou menos isso, podem ser obstáculos que demorem páginas para serem solucionados ou pequenas coisas. Mas durante o trajeto até o final, ele deve lutar contra tudo e todos que aparecerem para impedi-lo de descobrir tudo.

Claro que considerando que o n osso personagem em questão é um adolescentes, o que ele pode fazer é limitado, mas nessas horas devemos ser criativos, não? O que ele puder e tiver ao seu alcance, faça! Deixará mais crível, e mesmo que receba ajuda de terceiros, isso vai fazer a história continuar fluindo até o fim. 

2.2 PONTO DE VIRADA

A mesma ideia do ponto de virada da primeira parte, depois de tudo o que o personagem passou, o que vai acontecer agora? 

Vamos dizer que José fugiu de tudo e todos, conseguiu justamente por ter tido pessoas que acreditaram que ele não era capaz daquilo. Por causa disso ele conseguiu chegar até a pessoa que estava o ajudando até então, o que apresentar? Quem é a pessoa misteriosa?

  1. Ele descobre que a pessoa misteriosa é na verdade a garota que morreu. 
  2. Descobre ser uma pessoa que o observava de longe, que participava de uma operação de assassinato de filhos de pessoas influentes e ele não foi o primeiro a ser jogado nessa rede de acusações. 
  3. A pessoa é alguém próximo a ele que revela suas reais intenções e o motivo de ajudá-lo. 
A partir daqui o personagem começará a ter suas respostas. Saberá o motivo da garota ter morrido, quem o ajudou, por quê o ajudou. Mas, se for o caso da primeira hipótese, da garota que morreu na verdade estar viva e o ajudando, então as respostas mudam. Dali seria explicado quem era que morreu no seu lugar, e porque ela está ali viva e no que ela teria se metido para acabar naquela situação a ponto de ter que forjar a própria morte, mas não conseguir se manter em silêncio ao ver que cometerá um engano e jogaram a culpa naquele garoto, o que então revela a motivação dela.

Ou seja, a partir daqui tudo se encaixaria e entraríamos no último ato: a resolução. 



ATO 3 - RESOLUÇÃO



3.1 O CLÍMAX

As perguntas foram respondidas, ele sabe quem e porquê fizeram aquele. O personagem compreende o papel que empenhou naquilo tudo, mas agora está em um ponto crucial, o que decidirá o seu destino. 

Pois bem, digamos que o personagem agora que sabe de tudo foi pego em uma embosca. Ele e a pessoa que o ajudou a fugir de tudo. Como elucidar tudo isso? 

  • Os sequestradores são parte de uma gangue, o motivo de quererem desaparecer com a garota é por motivo X, Y e Z. 
  • Eles vão matar ele, forjar uma carta de suicídio como se sentisse culpa de tudo assim dando fim ao caso.
  • Sirenes são ouvidas, a policia aparece.  Pelo menos dois da gangue que sequestrou José são infiltrados que revelam ter escutas. 
  • Os caras são presos com confissões gravadas irrefutáveis. 
3.2 DESFECHO

E agora vamos ao desfecho, e para acabar bonito usarei esse mesmo exemplo que destrinchei. 

  • A inocência do protagonista foi provada.
  • Uma manipulação de falsos assassinos acabou. 
  • A pessoa que o ajudou recebe proteção a testemunha e nunca é mais vista.
  • Não voltou a ser amigo de João ao perceber que não era e nunca foi seu amigo verdadeiro.
  • Ele volta a sua escola como se tudo estivesse normal. 
Percebam o "como", pois agora que tudo acabou não há como José voltar a sua antiga vida. Ele tem novos amigos agora, aqueles que o ajudaram e estiveram do seu lado quando ninguém esteve. Mesmo que todos pedissem desculpas sobre o ocorrido, nada mudaria a injustiça que aquele garoto sentiu, e isso seria o fim de sua história. 

O José do começo é o mesmo do final? Claro que não. Passou por coisas que nenhum adolescente deveria passar e como resultado pode ou não ter se tornado mais cético as pessoas. A partir daí será dado o fim, pois vai estar tudo resolvido e ele terá o seu "final feliz".

Claro que tudo poderia acabar de outro jeito, não necessariamente dele sendo mau, apenas 'transformado', o que se mostra o fim de sua jornada. 

Enfim, esse foi o post de hoje, falando sobe o desenvolvimento da estrutura de três atos. Espero que o exemplo que usei possa ter ajudado de alguma forma a iluminar um pouco, mas pensem que é como o a estrutura da redação do enem: Começo (tese, argumento, alusão), Desenvolvimento (o por que disso ser assim) e a conclusão (o desfecho de tudo), só que incorporado em um plot de livro, hehe. 

É isso, espero que te ajude e até o próximo post!


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