Resenha - O conto da Aia

segunda-feira, abril 01, 2019


O Conto da Aia, de Margaret Atwood, foi publicado em 1985, mas só se tornou um best-seller recentemente, com o lançamento da série de televisaão The Handmaid's Tale. O livro retrata um cenário distópico de opressão feminina a um nível inimaginável.

Título: O Conto da AiaAutora: Margaret Atwood
Ano: 2017
Nº de páginas: 368
Editora: Rocco
Avaliação: ★★★★★Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

Para quem não tem a mínima ideia do que o livro trata, a leitura no início pode ser um tanto quanto confura. O enredo é bastante inconstante, fazendo analepses e prolepses o tempo todo (voltando para o passado e avançando para o futuro), mas rapidamente você se adapta ao ritmo da história.

Com o uso de transgênicos e de pesticidas, a sociedade acabou se tornando infértil. Offred é a narradora-protagonista (seu nome é mencionado pouquíssimas vezes). Ela é uma Aia e vive com a Esposa e o seu Comandante. A função das Aias, basicamente, é servir de "mãe de aluguel". Esse serviço que elas prestam, é um serviço ofertado pelo próprio governo. Os Comandantes tem suas Esposas, mas quando solicitam uma Aia, é porque a Esposa não pode ou não quer engravidar. A Aia tem a relação sexual com o Comandante e, se conseguir engravidar, após o parto a criança é retirada e entregue aos "pais". O maior desafio para as Aias, é continuar se demonstrando fértil para o governo, pois se elas não conseguem engravidar, elas não são mais úteis.

Todas as Aias tem nomes iniciados com "Of", Offred e sua companheira Ofglen, por exemplo. A maioria delas são muito jovens e doutrinadas. "No tempo de antes", como Offred costuma dizer na história, ela foi casada e teve uma filha. Além disso, também recorda muito de sua mãe, que foi declarada uma Não Mulher (ou seja, não serviu para ser uma Aia). 


Tudo o que Offred quer, é poder se apaixonar de novo e deixar de ser um objeto para a sociedade. Ela quer liberdade e aproveitar os prazeres da vida. Ao longo do livro, acompanhamos essa tragetória dela, em busca dessas conquistas.

Sobre as minhas impressões, devo admitir que eu esperava uma leitura muito mais pesada, uma vez que me falaram que a série era assim. Portanto, vou assistir a série e trazer uma comparação para vocês, o que acham? Outra coisa é o fato de que esse tema em uma distopia acaba sendo estranho para a nossa geração, porque eu não consigo pensar em um futuro distópico em que a gente regrida de tal forma, mas também pode ter sido problema do livro, que não nos mostra o mundo fora do universo de Offred. Como estão as pessoas que não precisam das Aias? Como estão as pessoas "normais"? A única coisa que é dita, é que as Não Mulheres foram para colônias. Enfim, o mundo distópico das Aias deixou muitas dúvidas. 

De qualquer forma, eu gostei e até fiquei feliz por ser um livro tranquilo (e não tão pesado quando eu esperava). Apesar das 300 e poucas páginas, a leitura flui rápido e a linguagem da escritora é bem original (embora seja só a tradução). Eu gostaria de ter conhecido mais sobre esse futuro distópico de Atwood, mas como o livro é um grande relato de Offred, essa parte é bem superficial.

A leitura é uma crítica interessante, pois atualmente muitas mulheres são tratadas como objetos e estamos lutando para que isso mude. Em O Conto da Aia, todo o esforço de agora foi perdido e elas voltaram para a estaca zero. Voltaram a ser objeto do homem e da sociedade, voltaram a ser as provedoras e cuidadoras, como acontecia séculos atrás. Entretanto, a obra mostra como a luta feminina sempre vai persistir pelo tempo. As mulheres nunca aceitarão ser objetos.

E você, já ouviu falar no livro ou na série? Comenta aí!

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