Resenha - O Estrangeiro

quinta-feira, janeiro 14, 2021

 

O Estrangeiro, romance de Albert Camus, publicado pela primeira vez em 1942, conta a história de Meursault, um personagem de vida banal que perde a mãe logo no início da obra e é preso por matar um árabe sem motivos.

Título: O Estrangeiro
Autor: Albert Camus
Ano: 2010
Nº de páginas: 126
Editora: Record (Lido no Kindle)
Avaliação: ★★★★
Sinopse: "O Estrangeiro", tão popular porque, à parte ser a seca narrativa das desventuras de Meursault, condenado à morte por matar um árabe a troco de nada, é também a narrativa das desventuras de um homem do século XX. Uma autobiografia de todo mundo. Mersault leva uma vida banal; recebe, indiferentemente, a notícia da morte da mãe; comete o crime; é preso; julgado; tudo gratuito, sem sentido, apenas mais um homem arrastado pela correnteza da vida e da História.


Essa foi a leitura de terça-feira do meu Projeto de Leitura - 7 Livros em 7 Dias e foi uma experiência que nunca tive com um livro antes: os acontecimentos vão se desenrolando lentamente, de um modo que te engana sobre o tom da obra, mas chegando ao final, você percebe que o livro era inteiramente sobre outra coisa.

Meursault é o narrador-protagonista da história e, logo no início, a mãe dele morre sozinha no asilo em que vivia. Ele vai enterrar a mãe, mas se mostra como um personagem entediado pela vida cotidiana e nem a morte de sua mãe parece lhe provocar emoções, tanto que no funeral ele não derruba uma lágrima. Depois desse evento, ele volta para sua vida normal: vendo a garota que gosta dele, ouvindo o vizinho xingar e espancar o cachorro e a esposa.

"Tinha o céu inteiro nos olhos, e o céu estava azul e dourado."

Certo dia, influenciado pelo amigo, ele vai até a praia e atira em um árabe. Meursault vai preso e descreve a rotina da cadeia, que não é muito diferente de sua vida indiferente fora da prisão. Depois de muitos julgamentos (cenas que eu achei bastante empolgantes), ele é sentenciado à pena de morte. Nos últimos capítulos ele narra reflexões sobre vida e morte que acredito que todos tiveram:

"Voltava a fazer um esforço para mudar o curso dos meus pensamentos. Punha-me a escutar o coração. Não era capaz de imaginar que este barulho compassado que me acompanhava há tanto tempo podia um dia cessar. Nunca tive verdadeira imaginação. Mas tentava imaginar, não obstante, o segundo em que o batimento do coração já se me não prolongaria na cabeça."

"No fundo, não ignorava que morrer aos trinta, aos setenta anos tanto faz, pois em qualquer dos casos outros homens e outras mulheres viverão, e isto durante milhares de anos. No fim de contas isto era claro como a água. Hoje ou daqui a vinte anos, era à mesma eu que morria. Neste momento, o que me incomodava um pouco no meu raciocínio era esse frêmito terrível que me percorria, ao pensar nesses vinte anos para a frente. O que tinha a fazer, era abafar esta sensação, imaginando o que seriam os meus pensamentos daqui a vinte anos, quando chegasse outra vez à hora da morte."

Achei o livro bastante impressionante. Essa foi a primeira obra de Albert Camus que li, depois de muito ouvir meu professor de Literatura recomendá-lo. Esse tipo de história que, conforme os acontecimentos, vai aumentando a intensidade perfeitamente até alcançar o clímax, é difícil de se encontrar, porque normalmente em romances há floreios no meio para que essa intenção não fique tão clara. Recomendo a leitura para quem gosta de histórias curtas, instigantes e que te deixam de queixo caído no final. 

Inclusive, após postar a leitura concluída no instagram, meu amigo Luís (clique aqui para conferir o Desafio de 15 dias de escrita que fizemos juntos aqui no blog) me disse que existe uma música da banda The Cure baseada na obra:


E você, já leu algo de Albert Camus? Ouviu falar do autor? Já assistiu a adaptação de O Estrangeiro? Comenta aí!

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