Desafio de 15 dias de escrita #12

sexta-feira, junho 12, 2020


Desafio 12: Escreva um mini conto com temática futurística

Sara Muniz:

Era uma vez uma família que viajou para o exterior com sua filha. A garota tinha um câncer incurável no cérebro e, ainda que as condições da medicina fossem mais avançadas do que nunca no Brasil, não eram suficientes para atender o procedimento que ela precisava. Pagaram caro para utilizar o teletransporte, mas em um segundo chegaram aos Estados Unidos. Levaram-na aos cirurgiões americanos com urgência: ela faria um transplante de cérebro. 

A cirurgia durou horas e, mesmo que os cirurgiões não tenham tocado a garota (os robôs fizeram todo o trabalho), foi necessário seis deles para fiscalizar o que estava sendo feito. Nenhum erro poderia ser cometido para que a cirurgia fosse um total sucesso e para que não ficasse nenhum tipo de sequela. O problema é que naquele dia, o doutor George acabou se distraindo por um segundo com uma mensagem que fez o celular dele apitar. Ele fatalmente havia esquecido de colocar o telefone no silencioso. Quando voltou os olhos para a cirurgia, tudo parecia bem, mas quem poderia garantir?

Já em casa, após uma semana de recuperação, a filha do casal já conseguia se levantar e, inicialmente a personalidade dela era a mesma de antes, mas não demorou muito até que ela começasse a mostrar comportamentos estranhos e adultos demais para a sua idade. Preocupados, os pais entraram em contato com os médicos americanos e eles explicaram que a dona do novo cérebro da filha deles era uma mulher jovem, mas meio conturbada: usava drogas e teve duas passagens pela polícia por suspeita de assassinatos. Ainda assim, garantiram que aquele era o cérebro mais saudável que eles tinham disponível e que logo esses sintomas desapareceriam.

Os sintomas não só não desapareceram, como a personalidade da antiga dona do cérebro, tomou totalmente a personalidade da garotinha. Fazendo-a assassinar os próprios pais e usar rica herança que eles deixaram como ela bem entendesse. Ela mal podia esperar para que o seu corpo se tornasse adulto logo, pois o cérebro já tinha 25 anos.

Luis Kulik:

100

Tudo começa com um pequeno avanço inesperado, e antes que percebêssemos, estávamos afogados em Realidade Aumentada. Os drones entregam em nossas casas tudo o que precisamos, desde as pílulas de vitamina até as capas de plástico para cruzar a chuva ácida. As companhias de energia fóssil mudaram para investir em outras fontes, mas seus métodos e políticas continuam os mesmos, como todas as corporações. 
Abrimos a mão de toda a nossa privacidade pelo prazer. Hoje caminho pela rua e o poste apaga quando saio de seu alcance, para outro se acender enquanto passo por baixo dele. A Prefeitura no mesmo estante contabiliza meu gasto e no fim do mês o valor é descontado. Perco a vontade de imitar o “Dançando na Chuva” quando vejo que as ruas estão tão secas quanto um dia ensolarado. 
Hoje não há trabalho além da manutenção das máquinas que evoluem automaticamente, projetando modelos cada vez melhores e mais práticos. Estamos afogados em uma ficção cientifica de ponta. “Paródia do Paraíso” seria um título legal.
Hoje é o meu aniversário de cem anos. Viva! E cem mil já devem ter passado pelo mesmo que eu. Todos são imortais hoje, com as plásticas e os transplantes totais. A consciência é só mais um software passando por cabos a outros hardwares cada vez mais evoluídos. Vendemos a nossa humanidade por algo que ainda não entendemos.  
Sinto que comemorar não faz mais sentido. Entro em um bar, peço por uma pílula de uísque. O Robô humanoide limpa o balcão que é uma tela impecavelmente limpa fingindo ser algo que me lembra madeira. Apoio-me nela e deixo um jogo de futebol que não vi rodando na tela acima dele.
- Amanhã é seu aniversário Senhor?
- Sim.
Talvez o Sistema saiba que não e só está nessa para me fazer sentir melhor comigo mesmo. Mas são nessas pequenas rebeliões que me volto a me sentir eu mesmo. Saio na rua e o vento frio quase me faz lembrar daqueles dias há setenta anos atrás. O mundo não era dos melhores, mas a gente aproveitava. Deus é testemunha de como sinto falta das dores na lombar e lojas físicas. 
Sigo para os duzentos como um clichê ambulante que só percebeu o que tinha depois de meio século perdido. Deito com os óculos e falo para a máquina simular algo de verdade. Ela me diz que “não compreende” o que eu quero dizer. Peço por uma simulação de amor, ou morte, e ela continua a repetir que “não entende”. 
E que saber?
Nem eu acho que entendo mais de qualquer coisa dessas.





Participe do desafio você também!

Desafios:

1. Apenas diálogos

2. Escreva uma carta

3. Escreva algo referente a uma citação que goste

4. Seja uma pessoa totalmente diferente de você

5. Pegue o livro mais próximo de você, abra na página 27, leia o primeiro parágrafo e escreva algo 
baseado nisso

6. Escreva sobre uma experiência com alguma comida que goste ou odeie

7. Baseie-se em uma obra de arte. Use a história que ela apresenta como referência

8. Um lugar que você gostaria de visitar

9. Escreva um poema.

10. Reescreva um conto de fadas

11. Escreva uma crônica

12. Escreva um mini conto com temática futurística

13. Escreva um poema sobre algo histórico

14. Escreva uma história baseada em algum sonho que teve

15. Escreva sobre o significado que é escrever para você

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