Desafio de 15 dias de escrita #4

quinta-feira, junho 04, 2020



Desafio 4 - Seja uma pessoa totalmente diferente de você.
Sara Muniz:

O dia começou, eu fui dormir bem tarde ontem a noite. O despertador tocou cedo, como sempre. Não pensei na roupa que vestiria hoje, então vou ter que ir até o guarda-roupa e decidir na hora. Ah, também não chequei a previsão do tempo para hoje, então não sei se fará frio ou calor, vou descobrir ao longo do dia. Droga, não arrumei minha mochila e o meu lanche! Vou arrumar em cima da hora. Café da manhã? Melhor nem tomar, não dá tempo. 

Depois de um longo dia de trabalho, chego em casa e nem penso que devo lavar a louça e organizar as coisas. Tomo um banho e procrastino até a hora do jantar. Não sei o que fazer nesse meio tempo, pois não quero estudar e nem passar perto de um livro! Algumas pessoas dizem que eu deveria organizar a minha semana e aproveitar melhor o meu tempo, mas não tenho tempo para essas besteiras! Já imaginou? Ser igual àquelas pessoas obcecadas por completar tarefas ao longo do dia? Nunca! Vou viver conforme o que acontecer e pronto! 

Chegou a hora de comer, meu estômago já está roncando. Acendo o fogo, coloco a frigideira no fogão, coloco bastante óleo e frito um grande pedaço de frango temperado. Vou comer isso com pão francês e beber nescau com leite de vaca. Não sei como algumas pessoas podem ser vegetarianas ou veganas, já imaginou viver sem bacon e queijo? Impossível! Os animais existem para isso, somos o topo da cadeia alimentar e, convenhamos, a gente adora um churrasquinho e uma costelinha, né?

Às 23h eu já deveria estar indo dormir, mas vou assistir a um filme, o que me fará ir dormir por volta de 2h da manhã. E daí que eu tenho que acordar cedo amanhã? Talvez eu fique com sono no trabalho e mal humorada depois, como sempre, mas outro dia eu tento dormir mais cedo. Boa noite!

Luis Kulik:

João Silva

Passo meus dedos nos pelos do cachorro, e lhe faço um cafuné com gosto. Minha mão parece a de um adulto, e as unhas estão grandes. Penso que deveria cortá-las mais tarde. Ele empurra sua cabeça contra minha mão, inclinando para que eu coce sua orelha direita. Eu continuo até meus dedos ficarem se esfregando no ar. Estava de olhos fechados e quando volto a abri-los me sinto tonto. 
Tento voltar a fazer carinho no cachorro, mas encontro no lugar de sua cabeça o braço de uma poltrona cinza. Olho para os lados. Tem outras pessoas aqui comigo. Eu não consigo me lembrar como cheguei aqui. Penso em chamar o cachorro que estava acariciando, mas não consigo lembrar seu nome. Sinto como se os nomes estivessem na ponta da minha língua, mas não consigo dizê-los, nem em pensamento.
- Tudo bem João? - Uma mulher com um jaleco verde com letras em branco me aborda. Eu olho para sua etiqueta e minha visão é embaçada e turva.
Ela aponta para meu peito, e quando olho para baixo ela encaixa os óculos com cordinha na minha cara. Olho para minha mão e ela é enrugada e cheia de pintas. As unhas estão cortadas e lixadas. 
- João?
- Eu. - Respondo sabendo que meu nome é a única coisa que não esqueci.  
- Sim, você.
Olho para ela tentando fazer sentido de tudo isso. Alguma coisa muda. Eu não estou mais sentado naquela poltrona. Estou andando para a frente em um campo aberto. Meu braço é magro, e minha mão é pequena e bronzeada, com marcas de cicatrizes Sinto a brisa e tento recolher a pipa. Parece que o céu escureceu preparando o terreno para uma tempestade. O quanto mais tento fazer a pipa descer, mais manobras ela faz, e fico encantado esquecendo do perigo que se aproxima. 
Acordo no escuro absoluto. Estou tossindo com força. Tento olhar para a minha mão, mas não consigo enxergar nada. Devo estar na casa do meu filho. Penso que só pode ser isso e procuro por... Ela? Martha? Jéssica? Lurdes? Giancarla? - Não consigo lembrar de seus rostos, mas um instinto insiste em me dizer que são importantes. Tantos nomes fazem a minha cabeça doer. Não encontro nada além de vazio.
Continuo deitado e quando volto a dormir sonho com uma vida que parece a minha, e quando acordo posso jurar que sinto o cachorro levantando dos meus pés e indo buscar àgua. Estou em uma beliche. Estou no exército? Só posso estar. Tento levantar bem rápido, mas a dor nos ossos me faz demorar mais do que o necessário.
- O Sargento vai me matar?
- Quem? - A mesma moça de antes está no meu quarto.
- Mulheres não podem entrar nos dormitórios. - Digo com mais rigidez do que necessário. Não sei se a magoei, seu rosto está embaçado. Ela sai sem dizer nada. 
O cachorro volta e faço carinho na sua orelha. Ele me olha com aquelas esferas negras e late. Algo me faz lembrar tantas outras coisas. Quando volto minha mão parece mais velha. Olho em volta e tenho muita vergonha de perguntar onde estou, ou como vim parar aqui. Alguém me leva até aquela poltrona cinza, e eu tomo café da manhã em uma bandeja no meu colo. Sinto o cachorro do meu lado e jogo no chão alguns pedacinhos de bolacha. Quando recolhem a louça eu penso em perguntar algo, mas uma música familiar começa a tocar no rádio. Fecho meus olhos para aproveitar a marchinha.
Acabo adormecendo de novo com facilidade. 




Participe do desafio você também!

Desafios:

1. Apenas diálogos

2. Escreva uma carta

3. Escreva algo referente a uma citação que goste

4. Seja uma pessoa totalmente diferente de você

5. Pegue o livro mais próximo de você, abra na página 27, leia o primeiro parágrafo e escreva algo 
baseado nisso

6. Escreva sobre uma experiência com alguma comida que goste ou odeie

7. Baseie-se em uma obra de arte. Use a história que ela apresenta como referência

8. Um lugar que você gostaria de visitar

9. Escreva um poema.

10. Reescreva um conto de fadas

11. Escreva uma crônica

12. Escreva um mini conto com temática futurística

13. Escreva um poema sobre algo histórico

14. Escreva uma história baseada em algum sonho que teve

15. Escreva sobre o significado que é escrever para você

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